(D.P.1955)
"Queria deixar de pensar / Em quem não posso esquecer / É tão grande a minha luta / Sempre a pensar sem o querer
(D.P.1955)
Tempo para ouvir Alfredo Marceneiro de quem alguém disse :" Quem já teve o privilégio de o ver ... terá novamente diante de si todo o fascinante espectáculo que é uma sessão de fados pelo Marceneiro: a figura franzina, o rosto enrugado contrastando com uma cabeleira surpreendentemente negra e ondulada, os requebros do corpo acompanhando as magistrais inflexões da voz, o lenço de seda como que a proteger-lhe simbolicamente a garganta contra os ultrajes do tempo - em suma, o verdadeiro fadista, a lenda viva."
Era aqui a "Tipóia"...
"Achei-te tanta diferença / Quando de novo te vi / Que, estando em tua presença, / Tive saudades de ti //
Achei-te tanta diferença / Fiquei tão admirada / Que senti uma dor imensa / Ao ver-te a face mudada // ...
Parei, fingindo indiferença / Mas nem sei o que te achei / Que, estando em tua presença, / Que fosses tu, duvidei //
... E recordando o passado / Tive saudades de ti"
("A Voz de Portugal", 1954)
VÍDEO DE HOMENAGEM
À guitarra- António Parreira e José Luís Nobre Costa, na viola- Francisco Gonçalves, à viola-baixo- António Pires Ascensão; a interpretação deste fado, da autoria de Moniz Pereira, é de Lucílio de Oliveira, que actualmente usa o nome artistico de Lúcio Bamond.
VÍDEO DE HOMENAGEM
VÍDEO DE HOMENAGEM
Florência interpreta, de Frederico Valério e de José Galhardo, "Fado Malhoa", uma homenagem ao Fado e ao consagrado pintor José Malhoa que "pintou numa tela / com arte e com vida / a trova mais bela / da terra mais querida" "... e fez o mais português / dos quadros a óleo"...
"Aquilo é bairrista / Aquilo é Lisboa / Boémia e fadista / Aquilo é de artista / Aquilo é Malhoa"!...
Fernanda do Carmo (letrista, empresária e irmã da fadista Cidalisa do Carmo) escreveu esta letra que Fernando Maurício interpreta na Marcha do Marceneiro, acompanhado pelos guitarristas Manuel Mendes e João Alberto, pelo viola Júlio Gomes e o viola-baixo José Vilela.
"Povo, que cantas o Fado / Que sonhas com o Infinito/ Que anseias Liberdade / Já não andas amarrado / Podes soltar o teu grito / Impor a tua vontade" ...
A GUITARRA
VIDEO DE HOMENAGEM
Acompanhada pelo Conjunto de Guitarras de Jorge Fontes, Odete Maria interpreta "Rainha do Fado", que tem letra de Alexandre Fontes e música de Jorge Fontes.
A GUITARRA
Acompanhado pelo Conjunto de Guitarras de Raul Nery, Fernando Farinha interpreta este fado que tem letra de Artur Ribeiro e música de Alírio Covas e cuja letra pode consultar aqui
De sua graça, Paola Magalhães dos Santos , uma luso-descendente que canta o Fado e toca guitarra e que pode conhecer melhor aqui.
A GUITARRA
É no Fado Tamanquinhas que Deolinda Rodrigues, acompanhada à guitarra por A. Parreira, à viola por F. Gonçalves e à viola-baixo por Raul Silva, interpreta este fado, que tem letra de L. Brumon:
Encontrei uma guitarra / Que se perdera no tempo / Quando a achei já não trinava / Porque quem a dedilhava / Deixou-lhe as cordas ao vento //
Prendi-lh'as cordas com jeito / Cantei-lhe fados sem fim / Enlacei-a no meu peito / E fiz-lhe um fado perfeito / Do melhor que havia em mim //
As nossa mágoas juntámos / Fizemos do Fado a amarra / Nunca mais nos separámos / Juntas rimos e chorámos / Eu, o Fado e a Guitarra
Para ver esta parte da entrevista, clique aqui:
Enciclopédia, Tema D - Deolinda Rodrigues: Conheceu a D. Berta Cardoso? - RTP Memória - RTP
A GUITARRA
Com letra de Lopes Victor e música de António Chainho, o fado "Trago guitarras no sangue" que Manuel de Almeida interpreta, acompanhado pelo Conjunto de Guitarras de António Chainho.
A GUITARRA
Gravado ao vivo na "Fragata Real", este fado, interpretado por João Cabral, acompanhado à guitarra por António Parreira e Nobre Costa e à viola por Francisco Gonçalves e Raul Silva, tem letra de Domingos Gonçalves Costa e música de Adelino I. Santos.
A GUITARRA
Acerca da Guitarra Portuguesa, diz quem sabe:
"...A «guitarra portuguesa» está actualmente ligada indissoluvelmente e fundamentalmente ao fado (com acompanhamento de violão), tanto na sua forma de Lisboa como na de Coimbra , mas essa ligação parece na verdade ser um facto recente . No fado corrido, ela faz simplesmente o acompanhamento do canto; quando não há cantor, o guitarrista fantasia variações sobre o tema, abandona-se á inspiração do momento, borda floreios e ornatos. Nos seus primórdios, porém, ela parece ter sido um instrumento da burguesia, que servia qualquer género musical, «sonatas», «minuetos» , « marchas» , «contradanças» (Silva Leite) e « modinhas», em substituição do cravo e outros instrumentos para entretenimento de uma assembleia com dispensa de uma orquestra; era pois , então, um cordofone de sala, e o próprio Silva Leite escreveu para ele (com mais um violino e duas trompas) várias sonatas, em 1792 ;..." (daqui)
Eu, que de tudo só sei o quanto gosto, sei que mais gosto do Fado ao som da guitarra portuguesa, esse magnífico instrumento musical que o poeta Jorge Rosa celebra neste fado, interpretado por Natércia da Conceição, com música de José Marques do Amaral.
I.P.
Repararão que as coplas então cantadas diferem um pouco das conhecidas e que aqui lembro, na interpretação de Carlos Ramos. Um fado c'uma ganda mensagem, é o que é! De facto, esta coisa d'intiqueta, já não dá nem p'ró pitrol... na verdade, surte muito mais efeito deixar-se a gente de tretas, vai sopapos e galhetas e acaba-se logo ali o manipólio... Por isso, eu digo também ao meu amigo qu'este assistema é inficaz e, sendo-o, para quê utilizar outro?! É preparar p'ra la pregar, C'a mão no ar e o pé atrás... Zás!
(Vá!, aproveitem lá mais esta p'rós livrinhos e digam depois que foi dica dum amigo tal e tretta, muito conhecedor de fado... Pás!)
I.P.
Vão lá saber quem era o Castanheira de Moura do "fado do Castanheira"!...
Já não há quem faça letras assim, mas a verdade é que também já não há destas personagens (ou personalidades, como queiram) que valham um fado...
I.P.
Sec. Com. - I.P.
Um "fado político" ou, se quiserem, uma curiosa "charge" a um notável político da altura.
I.P.
A importância política e benefícios do Fado!...
O "Fado do Ganga", de João Bastos , criado por Estevão Amarante na Revista "O Novo Mundo" , em 1916.
I.P. 1906
http://fadocravo.blogspot.com/2008/12/manuel-calixto-varinas.html
http://fadocravo.blogspot.com/2010/08/varinas.html
assim perpetuando a memória dessas mulheres que embelezavam todas as "Ribeiras" -
"A cadência sensual das suas ancas / Tem a forma das ondas no mar alto"
e que têm como paradigma possível "A Rosa da Madragoa", esta numa castiça interpretação de Raquel Tavares
estoutra, de J.Frederico de Brito, que Fernanda Maria magistralmente interpreta no Fado Seixal
E é com este cheirinho a maresia, que encerro a minha actividade de 2010, neste blogue, e desejo a todos os amigos e aos inimigos também (que bem precisam) uma muito boa onda para o difícil ano que se aproxima; porém, se tiverem que "mostrar quem manda" não hesitem em fazer uma enorme peixeirada (que muito alivia o stress) e até, porque não, "amandem c'uma chaputa" à tromba de qualquer um ... É mesmo a única linguagem que muitos deles ainda entendem e respeitam... Se persistirem em ser, como eu, very polite, verão como vos enrolam a torto e a direito com doces palavrinhas... Mas, p'ró ano, tudo vai ser diferente, aposto; sou até capaz de arriar a giga nas mais improváveis ocasiões e nos mais very refined places... Nestes tempos, uma lady também se passa, ora essa! Tal como um gentleman... lembram-se do rei de Espanha? Ora bem!...
Há 82 anos nascia, no Barreiro, aquele que foi um notável fadista e autor, Fernando Farinha; este fado, com que hoje o lembro, mais uma vez, é de sua autoria e de Artur Ribeiro.
A todos desejo que seja sempre Natal !
I.P.
J.Dantas - Ilust. Manuel Gustavo
De braço dado, Portugal e Espanha, flamenco e fado, ai! olé!...
VÍDEO DE HOMENAGEM
Soube, há um par de horas, que Alcindo de Carvalho foi hoje a enterrar; é uma das vozes fadistas que sempre muito apreciei, e que ouvi em vários espectáculos e casas de fado, particularmente em Alfama; talvez por isso, tenha escolhido este fado, que tão bem interpreta, para lhe prestar mais esta homenagem.
I.P.
De entre muitos textos curiosos, do início do século passado, que tenho encontrado sobre o FADO, este mereceu-me hoje particular atenção, talvez apenas por causa daquela interessante comparação estabelecida entre os cogumelos e o fado... ambos tão "mortais" que, dizem uns, "Não comam cogumelos selvagens!", suplicam outros "Não canteis o Fado!".
Foi a surpresa, a saudade e a emoção e
finalmente, resolvi registar em vídeo esta superior interpretação do fado "Estás a pensar em mim", também conhecido como "Promete, jura", um fado de que são autores o Sérgio Dâmaso e a filha, Mª João, um fado que muitas vezes ouvi na "Viela", precisamente interpretado pelo seu criador e autor da música, o Sérgio.
I.P.
Do genial António Botto, um dos poetas mais brilhantes do seu tempo, diz-se mesmo que era Homem de génio, o que terá contribuído para a sua proscrição; mas o que verdadeiramente o tornou num dos Poetas Malditos da nossa História Literária foi, por certo, a corajosa confissão do seu diferente sentir que um homofobismo dominante não consentia... esse dandy que encantou a boémia de Lisboa e que foi reconhecido maior pelos mais brilhantes intelectuais de então, que gozou de enorme, mas breve glória, e que deu também assinalável contributo ao Fado, a "Imortal Canção", viu-se constrangido a emigrar para o Brasil, com sua mulher, Carminda Rodrigues, sua companheira fiel mesmo nesses piores momentos de decadência e miséria vividos no "exílio"... Também ao partir, apenas os braços da sua "doce companheira" o terão acolhido e, por certo, selado, num demorado beijo, esse Amor jurado um dia, assim se cumprindo este Soneto...
Como já vem sendo hábito, desde que iniciei este blog, em 2005, sempre assinalo o 21 de Outubro, lembrando esse nome maior do Fado, que foi a cantatriz BERTA CARDOSO, nascida em Lisboa, neste dia, em 1911.
Hoje, ao recordá-la, lembro também um assunto de que me ficou alguma mágoa. Há cerca de uns quatro anos, fui contactada por uma editora fonográfica no sentido de disponibilizar a informação possível, uma vez que ia ser editado, na colecção Biografias - Fado, um CD de Berta Cardoso. É claro que não me fiz rogada e forneci todas as indicações que tinha e documentos que me foram solicitados, e até escrevi, por igualmente me ter sido solicitado, um breve apontamento acerca da Diva. Tempo passou, a água dos rios correu sob as pontes e, do CD, nem novas nem mandados... O responsável pela editora, pessoa tão bem educada quanto desalembrada, nunca teve uma palavra de agradecimento pela colaboração prestada e nem sequer uma explicação pelo facto de, afinal, o CD não ter saído da fase de projecto... Do "livrinho" que o acompanharia, dou a conhecer a capa e o texto que então escrevi.
É lamentável que, até hoje, se não tenha reeditado, em CD, pelo menos o pouco que ficou e/ou se conhece gravado do que foi o imenso repertório de Berta Cardoso. Talvez que, algum dia, alguém nos presenteie com a edição de um desses CD... Pela minha parte, para o ano, data em que se comemora o centenário da artista, penso editar um livro em que reunirei a parte mais significativa do seu repertório e... quem sabe?!... Vai ser edição mais que limitada; por isso, meus amigos, o melhor é irem já inscrevendo-se!... Entretanto, não deixem de consultar a Fadoteca; ajuda a clarificar muitas obscuridades circulantes difundidas pelas instituições dominantes e descobrir-vos-á, por certo, alguns "segredos" que, embora, tendo sido bem guardados, deixaram de o ser, hélas!... Creio que não se arrependerão!
Para ti, Berta Cardoso, esta constante saudade!
"Fado Maior", o primeiro CD de Kátia Guerreiro, bem parece ter sido nome premonitório de uma carreira que tem vindo a crescer na voz e interpretação desta fadista que, não tendo embora nascido em solo português, encontrou em Lisboa a sua identidade; "Minha Lisboa de mim", de Nuno Gomes dos Santos e de Silvestre Fonseca, um Fado Maior a celebrar 10 anos de carreira de uma fadista já consagrada.
Este tema, de que hoje aqui dou notícia, integra um CD muito especial, produzido pela Fundação Nossa Senhora da Saúde (a "Nossa Senhora do Fado"), constituído por 12 fados-oração, interpretados por Manuela Telles da Gama, a Mané, como é conhecida entre os Fadistas.
Sendo Portugal um país de filiação católica apostólica romana, como o foi exclusivamente até há bem poucas décadas atrás, é natural que o Fado espelhe igualmente essa realidade, como se verifica no já consagrado Repertório Fadista, de que lembro, por exemplo, o "Avé Maria Fadista" e "Senhora da Nazaré", temas que também fazem parte deste disco.
O poema deste Fado que escolhi, "As quatro Padroeiras", é de Diogo Pacheco de Amorim e a música é de José Campos e Sousa.
VÍDEO DE HOMENAGEM