domingo, outubro 30, 2005

A Injustiça


...debaixo do sol... Posted by Picasa

"Voltei-me e vi que, debaixo do sol, a corrida não é para os ágeis, nem a batalha para os bravos, nem o pão para os prudentes, nem a riqueza para os inteligentes, nem o favor para os sábios:
Todos estão à mercê das circunstâncias e da sorte.
O homem não conhece a sua própria hora: Semelhante aos peixes apanhados na rede fatal, aos passarinhos que caem no laço, assim os homens são surpreendidos na hora da adversidade, quando ela cair sobre eles de improviso.
Vi também, debaixo do sol, este facto, que foi para mim uma grande lição:
Havia uma pequena cidade, pouco populosa, contra a qual veio um poderoso rei, que a sitiou e levantou contra ela grandes fortificações. Ora, encontrava-se nela um pobre homem, sábio, cuja sabedoria salvou a cidade. E, contudo, ninguém mais se lembrou deste pobre homem. Por isso, disse: «A sabedoria vale mais que a força, mas a sabedoria do pobre é desprezada e não são ouvidas as suas palavras»."
Palavras do Eclesiastes

sábado, outubro 29, 2005

TEATRO DE REVISTA


Berta Cardoso (1911-1997), na revista "Manda Ventarolas"Posted by Picasa
1941 - Teatro Maria Vitória
Uma das maiores fadistas do séc XX, que alcançou enormes sucessos, também como actriz.
Na "Canção do Sul ", de 1 de Dez. de 1941, pode ler-se: "Berta Cardoso hoje é aplaudidíssima sem tibiezas ou «claques», na revista «Manda Ventarolas». Para isto muito contribui a intuição natural de Berta para a arte dramática, e o seu grande gosto em acertar nos números que lhe distribuiram. Nas imitações, faceta artística de grande relevo, Berta Cardoso revela-se uma actriz de recursos, e naquela parte em que Maria das Neves recita pela sua boca, define-se uma vocação. No fado, seu estilo continua a ser rico e pujante. Sobrepondo-se à orquestra, por vezes, sua voz enche o palco, o teatro, enfim, a alma de todos nós."
É impossível dizer melhor : "sua voz enche a alma de todos nós" !
Pode ouvir essa voz e saber mais acerca de Berta Cardoso em: www.bertacardoso.com
O download dos trechos musicais é um pouco lento, mas vale a pena esperar (digo eu...)

sexta-feira, outubro 28, 2005

ALFAMA NÃO CHEIRA A FADO...


Alfama, por Francisco Smith (1881-1961) Posted by Picasa
óleo sobre tela

QUANDO LISBOA ANOITECE
COMO UM VELEIRO SEM VELAS
ALFAMA TODA PARECE
UMA CASA SEM JANELAS
AONDE O POVO ARREFECE.

É NUMA ÁGUA FURTADA
NO ESPAÇO ROUBADO À MÁGOA
QUE ALFAMA FICA FECHADA
EM QUATRO PAREDES DE ÁGUA
QUATRO PAREDES DE PRANTO
QUATRO MUROS DE ANSIEDADE
QUE À NOITE FAZEM O CANTO
QUE SE ACENDE NA CIDADE
FECHADA EM SEU DESENCANTO
ALFAMA CHEIRA A SAUDADE.

ALFAMA NÃO CHEIRA A FADO
CHEIRA A POVO, A SOLIDÃO
A SILÊNCIO MAGOADO
SABE A TRISTEZA COM PÃO
ALFAMA NÃO CHEIRA A FADO
MAS NÃO TEM OUTRA CANÇÃO.

J.C. Ary dos Santos (1937-1984)

quinta-feira, outubro 27, 2005

ILUSÃO


Velhos Posted by Picasa
Se simplesmente olhar, não vê. Se olhar atentamente, vai ver para além da ilusão...

(imagem retirada de www.rainhadam.com)

domingo, outubro 23, 2005

Chavela Vargas


Chavela Vargas, a lendária intérprete mexicana Posted by Picasa

Para além do fado, mas também fado; outra maneira de cantar o Fado...
A minha homenagem à autenticidade, raça, coragem, sentimento, emoção daquela de quem Pedro Almodovar disse :
"Me hubiera gustado conocer a Billie Holiday, Edith Piaf, La Niña de los Peines, Bola de Nieve, La Lupe...pero he conocido a CHAVELA VARGAS, que es como la suma de todos ellos.
Conocerla y volver a escucharla ha sido una de las experiencias mas importantes de mi vida."
Passe um resto de Domingo fantástico!

sábado, outubro 22, 2005

"a vida é uma cantiga que nem toda a gente canta"

RECORDAÇÕES DO PASSADO

(de Frederico de Brito e Vianinha)

Concordo que me falem na Severa
pois nos seus tempos já era
mais que rainha do fado.
E entendo dever lembrar outros mais
esses nomes imortais
dos fadistas do passado.

Tecer a glória duma Cesária fadista
duma Maria Vitória ou duma Júlia Florista
do Armandinho,
fadistas duma só crença,
Marceneiro e Machadinho
Joaquim Campos e Proença.

Dos poucos nomes que disse
não posso, mesmo que queira,
esquecer a Maria Alice, Maria Emília Ferreira.
Depois, nesta hora incerta, lembrar a Ercília Costa,
Amália, Hermínia e Berta
das quais tanto o povo gosta.

E agora, quando os mais novos acordam,
são os velhos que recordam
como em tempos era o fado.
E os de hoje, de vida alegre e louçã,
hão-de chorar amanhã
com saudades do passado.

Ninguém entende, nesta aparência bizarra,
como é que a gente se prende
às cordas duma guitarra.
Ninguém maldiga o fado que nos encanta
que a vida é uma cantiga
que nem toda a gente canta.

E quando eu fôr mais velho hei-de entreter-me, bem sei,
ensinando aos meus rapazes os fados que já cantei.
Talvez que vocês apontem
as nossa noites de agrado
que lhes digam, que lhes contem
que eu também cantava o fado.

sexta-feira, outubro 21, 2005

Aniversário


BERTA CARDOSO, no Faia, 21.OUT.1992 Posted by Picasa

Hoje, Berta Cardoso faria 94 anos.
Quando completou 81 anos, houve festa no Faia e Berta cantou e encantou.
Que saudades!

terça-feira, outubro 18, 2005

FADO e FADAS


FADA Posted by Picasa

Não, meu querido, absolutamente não! Fado não é o masculino de fada . O que eu disse é que até fada tem seu fado, entendido? E que o fado bem está a precisar de uma fada madrinha, lá isso está...

segunda-feira, outubro 17, 2005

Fado no S. Luiz


Eu já lá estou!... Posted by Picasa
Nem morta, ia faltar.
O que eu gosto de ouvir a Celeste Rodrigues! Voz pequenina, é verdade, mas voz sofrida, voz de fado, de vida vivida, que transmite emoções...
Ouvir também a Argentina e o Alcindo cujo registo de voz lembra o Carlos Ramos. . .
Acerca da "encenação minimalista que desloca o Fado puro para uma sugestiva e surpreendente solução cenográfica", a mim, que não percebo nada disto, o que a imagem apresentada me faz lembrar é uma cena de Flamenco num "tablao" Andaluz . . . e não só... Nada de novo, mas mesmo nada, muito menos surpreendente.
O que me surpreenderia agradavelmente era que, da Madeira, "alguém"chegasse e aparecesse por lá a ver o espectáculo, no dia 21. Eu estarei na 1ª fila a ver se chega... para lhe contar uma história muito engraçada, passada na Parreirinha, há muitos anos, com um cliente do Norte, episódio esse que se relaciona com o nome do espectáculo "Cabelo branco é saudade" e que bem ilustra o que então era o ambiente de uma casa de fados.
Até lá!

Sabes bem...


Aparência, de Fernanda Pissarro Posted by Picasa

... que és uma das minhas favoritas!
Aquele abraço.

quarta-feira, outubro 12, 2005

"CASAS DE INCÊNDIO"


Fogos florestais Posted by Picasa

Antes que a memória nos atraiçoe, é sempre bom ir lembrando este cenário, que as chuvas poderão fazer esquecer, e tomar medidas para que, para o ano, este inferno não se repita durante a "época de incêndios", instituída por Resolução do Conselho de Ministros, de 25.08 do corrente e cujo período, não determinado naquela Resolução, supomos que seja mais ou menos coincidente com o da "época balnear", i.é., até final de Setembro. Quanto aos incêndios de Outubro, se se voltarem a verificar, em total desrespeito pelo que foi determinado, deverão ser , por isso, penalizados; ou deverá então definir-se com rigor, antes mesmo que o que resta de floresta nacional arda também, as datas de início e fim daquela "época de incêndios", para a qual todos sabemos muito bem as medidas que o Governo tomou...
A este propósito, não posso deixar de partilhar convosco esta 'graça' que recebi por email.
"Medidas do Bloco de Esquerda para acabar com os incêndios:
1- Despenalização imediata dos incêndios.
2- Tendo em conta que os incendiários são doentes e socialmente marginalizados, devem ser tratados como tal: é preciso criar zonas específicas para poderem incendiar à vontade. Nas "Casas de Incêndio"serão fornecidos fósforos, isqueiros e alguma mata. Sob a supervisão de pessoal habilitado, poderão lutar contra esse flagelo autodestrutivo.
3- Fazer uma terapia baseada nos Doze Passos, em que o doente possa evoluir do incêndio florestal para a sardinhada. O pirómano irá deixando progressivamente o vício: da floresta à mata, da mata ao arbusto, do arbusto à fogueira, da fogueira à lareira, da lareira ao barbecue, até finalmente chegar à sardinhada do Stº António e S. João.
4- Quando o pirómano se sentir feliz a acender a vela perfumada em casa, ser-lhe-á dada alta, iniciará a sua reintegração social e perderá o seu subsídio de incendiário."

terça-feira, outubro 11, 2005

Pérolas Futebolísticas


Pérolas de cultura! Posted by Picasa

Recebi, por email, estas "pérolas" que não resisto a partilhar:

"Tenho o maior orgulho de jogar na terra onde Cristo nasceu"
(Djair, ao chegar a Belém - Restelo, no dia em que assinou contrato com o Belenenses)

"Nem que eu tivesse dois pulmões alcançava essa bola"
(Roger, jogador do Benfica)

"Em Portugal é que é bom. Lá, a gente recebe semanalmente de 15 em 15 dias"
(Argel, jogador do Benfica)

"Quando o jogo está a mil, minha naftalina sobe"
(Jardel, ex-jogador do Sporting)

"Eu disconcordo com o que você disse"
(Derlei, jogador do Porto)

"No Porto é todo o mundo muito simpático, é um povo muito hospitalar"
(Deco)

"O difícil, como vocês sabem, não é fácil"
(Jardel, ex-jogador do Sporting)

"Haja o que hajar, o Porto vai ser campeão"
(Deco)

"Querem fazer do Boavista um bode respiratório"
(Jaime Pacheco)

"Jogar à defesa pode ser uma faca de dois legumes"
(Jaime Pacheco)

E concluía: Agora senta-te, compara o teu SALÁRIO com o deles e CHORA.
Pois eu não choro; "primeiros", porque os rapazes não são pagos para falar bem, mas sim para dominarem a redondinha comme il faut; "segundos", porque primeiro choraria os que produzem semelhantes pérolas de bem falar e são pagos para falar em bom português...
Que o que eles ganham é uma afronta à pobreza e é uma questão inexplicável, disso não tenho a menor dúvida; contudo, as minhas lágrimas não estancariam a minha indignação!...

domingo, outubro 09, 2005

Últimas Notícias


Parece-me que isto não vai para melhor!... Posted by Picasa
Fado Puxavante
PUXAVANTE , por favor, que p'ra trás já chega!...

JÁ CHOVE

Tenho 3 notícias para dar: 1 boa e duas más.
A boa, já se vê, é que finalmente CHOVE; pouco, mas pinga. Pode até não valer de nada, já ardeu tudo, o que chove não chega nem para lavar as ruas, dirão os mais pessimistas; mas eu estou contente; já quase nem me lembrava do que era um dia de chuva!; como aquela que se conta e já tem barbas p'rái com 40 anos do outro que emigrou para França e quando voltou à aldeia um ano depois, perguntava, apontando o rebanho de cabras que guardara durante 20 anos: -ó pai, que animaizinhos são aqueles? Pois é, a memória nem sempre nos ajuda...
As más- estou ficando com sintomatologia de idosa, se bem que saudável: caimbra nocturna; o pior mesmo é que passou também a diurna... É uma dor do caraças!... A outra má notícia prende-se com o facto de ter encontrado o Cherne logo após ter ido fazer as cruzes nos locais que achei mais indicados... Maus agoiros? Isto, também, parece-me que tanto faz ! Tão bons são uns como outros. Não gosto é de os encontrar... Mas também ninguém me manda passar-lhes à porta!

sábado, outubro 08, 2005

Soneto Presente

Não me digam mais nada senão morro
aqui neste lugar dentro de mim
a terra de onde venho é onde moro
o lugar de que sou é estar aqui.

Não me digam mais nada senão falo
e eu não posso dizer eu estou de pé.
De pé como um poeta ou um cavalo
de pé como quem deve estar quem é.

Aqui ninguém me diz quando me vendo
a não ser os que eu amo os que eu entendo
os que podem ser tanto como eu.

Aqui ninguém me põe a pata em cima
porque é de baixo que me vem acima
a força do lugar que fôr o meu.

J.C.Ary dos Santos

Natureza


Cooper's wife, by Steven Kenny Posted by Picasa

O autor apresenta-se:
"We humain are inclined to forget the principles of existence. They include: every action directly impacts our environment, change is unavoidable, stasis is unnatural, time is beyond our influence, conception is the commencement of death as well as life, and many others.
...
As humans more fully embrace technology we feel an increasing sense of anxiety, disorientation and fear.
...
By combining detailed realism, surrealism, and symbolism I convey the universal language of Nature as I understand it. ... The world I depict is one where interdependencies prosper and hierarchies crumble."
Se quiser, pode ler todo o texto e ver outros quadros em www.stevenkenny.com

sexta-feira, outubro 07, 2005

PARABÉNS


7 de OUTUBRO, Aniversário de Mariana Silva Posted by Picasa

A fadista Mariana Silva, que começou a cantar com 10 anos, no Café Monumental, na R. Carvalho Araújo, é, por isso mesmo, porventura a fadista mais antiga, embora não seja a mais velha.
Durante largos anos fez parte do elenco da Parreirinha de Alfama, de Argentina Santos, tendo-se retirado das lides fadistas, há cerca de 5 anos.
Nesta 1ª página da revista Ecos de Portugal, de 1 de Maio de 1948, refere-se: "A juvenil cantadeira Mariana Silva, não tem ainda cartão de profissional, devido à sua idade pois conta apenas 14 anos. Está contudo, autorizada pela Inspecção Geral dos Espectáculos a cantar. ..."
De entre tantas das suas criações, destaco "A Sina das Marianas", de J. Linhares Barbosa e José António.

Meu nome foi inventado
Para as que cantam o fado
Com tristeza e amargor
Sei muito bem que me enganas
É sina das Marianas
Morrerem de mal de amor
... ... ...
... ... ...
Sei muito bem que me enganas
Com aquelas levianas
Com quem tens acompanhado
Gostar de ti com loucura
Talvez seja desventura
Mas que queres, é o meu fado

quinta-feira, outubro 06, 2005

PELAS RIMAS DA SAUDADE


Rev. Plateia, Out. 1969 Posted by Picasa

Carlos Conde, reconhecidamente um dos grandes poetas de fado, assim presta homenagem a Berta Cardoso "... Nome grande do passado/...De quando o fado era fado." Para quem souber ler (também nas entrelinhas), as palavras do poeta dizem tudo aquilo que eu, de certo, não saberia dizer tão bem. Contudo, permito-me, já agora, fazer unicamente o seguinte comentário: pode parecer que Berta Cardoso, a quem o poeta se refere como "Nome grande do passado", seja fadista muito mais antiga do que outras, como por exemplo Hermínia ou Amália. De facto, e de acordo com biografias que consultei, das três, Hermínia é a mais velha - n. 1907, Berta nasce em 1911 e Amália em 1920. Berta e Amália têm somente 9 anos de diferença. No entanto, quando em 1939, com 19 anos, Amália se estreia como fadista no Retiro da Severa, já Berta Cardoso, que então contava 28 anos e se estreara com 16 anos (1927), no Salão Artístico de Fados, era um nome consagrado, "A Loucura dos Fadistas"; assim, em 1939, quando Amália se estreia, já Berta Cardoso vai ao Brasil pela 2ª vez, sendo mesmo considerada pela imprensa "a figura máxima da canção nacional". Hermínia só terá começado a cantar em 1929, portanto com 22 anos, mas em 1939 já contava com diversas participações em operetas e revistas, e era já também um nome respeitado e de culto a nível da Canção Nacional.
É, portanto, errada a ideia de ser Berta Cardoso a mais velha destas três grandes senhoras do fado; Hermínia Silva é, de facto, a mais velha; contudo, das três, Berta Cardoso é a mais antiga na carreira, uma vez que se apresentou a cantar com apenas 16 anos, embora oficialmente só em 1930, com 19 anos, exactamente com a idade com que Amália se haveria de estrear; ora, com 19 anos, já Berta Cardoso era primeira página da revista da especialidade - Guitarra de Portugal - que assim a apresenta: " No meio fadista, que conta tantos e tão bons elementos, Berta Cardoso chegou, cantou e venceu." Porém, das três, continua a ser a única a quem o país ainda não prestou qualquer homenagem...
Eu presto-lhe a homenagem possível em www.bertacardoso.com

terça-feira, outubro 04, 2005

Belos tempos!

Um fado do repertório de Berta Cardoso, letra de Fernando Teles

Dos belos tempos de outrora
São relíquias do passado
Dois impagáveis tesoiros:
A guitarra mais o fado.

Era na Lisboa antiga,
Quinta-feira de Ascenção,
Dia de consagração,
Porque era dia da espiga...
Com farneis e sem fadiga
Assim que raiava a aurora
Toda a gente, campos fora,
Procurava a sombra amena.
Ai, que saudades, que pena
Dos belos tempos de outrora!

As noites tradicionais
De todos os nossos santos,
Eram motivo de tantos
Ranchos, bailes, festivais.
Os círios, os arraiais,
Rabicha, Senhor Roubado,
Atalaia, Sol Doirado,
Como tudo isto era lindo!
Estas coisas tempo findo,
São relíquias do passado.

E nas vésperas de toirada
Nos retiros, que alegria!
'té a nobreza se via
Pelas mesas abancada.
Cantava-se à desgarrada
Até à vinda dos toiros;
Cobriram-se assim de loiros,
Entre a fadistagem vária,
A Severa e a Cesária,
Dois impagáveis tesoiros.

Fidalgos, boémios, artistas
E toureiros elegantes,
Tinham por suas amantes
As cantadeiras bairristas.
Nesse tempo de fadistas
E do saiote encarnado,
Só nos resta por sagrado
Penhor bem tradicional
Dois filhos de Portugal:
A guitarra mais o fado.