terça-feira, novembro 23, 2010

Coisas e loisas do Fado...

Acordei hoje com esta vontade de confabular acerca do Fado e assim incomodar, uma vez mais, alguns, dos quais uns até muito admiro e aprecio... o que, à primeira vista, pode parecer incongruente, mas não é!, direi eu sem demais explicações.


Em sumário, são 3 os assuntos que me apetece abordar, ou mesmo neles mergulhar, sem escafandro, desprotegida, pois, de qualquer soez ataque tubarónico...


O primeiro dos quais, como não poderia deixar de ser, é o do espectáculo que ontem se terá realizado em homenagem a FERNANDA MARIA e ao qual não assisti por não ter conseguido bilhetes; quando fui por eles, já eram!... Esgotado! Por um lado, pensei eu, esgotou e ainda bem (embora eu nem esperasse outra coisa) mas, por outro lado, que ferro!, saber sempre de tudo à última hora, não sei se por culpa da minha incapacidade para andar mais bem informada ( e não melhor, como agora diz muita gente, mesmo quem deveria saber que "melhor" é superlativo do adjectivo bom e não do advérbio bem, como estabelece a gramática, ou estabelecia, sei lá...), se dos (in)capazes meios de informação. Por certo, terá sido um enorme evento de Fado de que algum blogue da especialidade dará notícia, aproveitando mesmo esta feliz circunstância de a não poder dar eu :-)... Quem deu de novo, no verdadeiro sentido do termo, notícia do espectáculo foi o HardMúsica a cujo primeiro texto, da pena de Zita Ferreira Braga, me referi no anterior verbete; e, não tivesse eu transcrito o mesmo, já a ele não teriam acesso, que foi apagado do espaço, surgindo ontem outro, encabeçado pelo respectivo cartaz e subscrito pela já conhecida Inês Benamor, documentos que, para os devidos efeitos, aqui igualmente ficam registados



Cantar Fernanda Maria
"Cantar Fernanda Maria”, título de um espetáulo no Teatro Armando Cortez, em Lisboa, a Carnide, junto á Casa do artista, que é "um brinde" à eterna interprete de “Não passes com ela à minha rua”.
Os fadistas são Gonçalo Salgueiro, Ana Moura, André Baptista, Cristina Navarro, Ana Maurício, Luís de Matos, Filipa Cardoso, Ricardo Ribeiro, Aldina Duarte, Pedro Moutinho, e Ana Sofia Varela.Serão acompanhados pelos guitarristas José Luís Nobre Costa e José Manuel Neto, os violas Jaime Santos Jr. e Carlos Manuel Proença, e os violas baixo Joel Pina e Daniel Pinto.
Fernanda Maria foi distinguida em 2006 com o Prémio Amália Rodrigues, no programa da gala, que ocorreu no Municipal S. Luiz, Nuno Lopes escreve: “Uma história abreviada do fado não pode deixar de referenciar Fernanda Maria” que qualifica de “intérprete de excepção” e “criadora de fados que perduram na memória”.
À Lusa o fadista Gonçalo Salgueiro, amigo desde sempre da fadista, afirmou: “No fundo, é mostrarmos-lhe o quanto gostamos dela e lhe estamos gratos”.
O fadista que é um dos protagonistas de “Fado – história de um povo”, no Casino Estoril foi o autor da ideia.“A ideia surgiu de uma conversa com a Cristina Navarro e o André Baptista, a que pronta e generosamente muitos aderiram, porque somos fãs da Fernanda Maria”, disse.
“Quem canta são os fãs da Fernanda Maria, daí não subir ao palco ninguém da sua geração”, justificou Gonçalo Salgueiro.
Para o fadista, Fernanda Maria “é uma referência de estilo”.“A Fernanda Maria é uma fadista de raça, tem uma voz completa com graves lindíssimos, médios cheíssimos e agudos esplendorosos e límpidos”, referiu.Nuno Lopes no citado programa refere a “voz límpida e segura”“Uma mulher – acrescentou Salgueiro – em que se percebia tudo o que dizia, cada uma das palavras, que tinha um respeito enorme pelos sentimentos dos poetas, que pesquisava ao máximo quando recebia um poema para não trair a ideia do poeta. Uma intérprete de exceção que nunca imitou ninguém”.Argentina Santos, Amália Rodrigues e Maria Teresa de Noronha são referências para a criadora de “Saudade vai-te embora”
A receita do espectáculo reverterá totalmente para a Casa do Artista.“É uma forma de lhe dizermos muito obrigado, gostamos muito de si, estamos-lhe gratos”, disse Salgueiro, acrescentando que “a utilidade de ajudar uma causa como a Casa do Artista que cada vez precisa de mais apoio”.
Fernanda Maria, 73 anos, começou a cantar aos 12 na Parreirinha de Alfama, e mais tarde, n'0 Patrício, na calçada de Carriche. Com 15 anos apresentou-se na Emissora Nacional, e entre cem candidatos foi uma das escolhidas, passando a atuar em programas como "Serão para trabalhadores", "Estrelas no Odeon", "Comboio das seis e meia" ou "Passatempo PAC".Integrou o elenco de várias casas de fado de Lisboa até fundar a sua própria, “Lisboa à noite”, no Bairro Alto, em 1964.Apenas uma vez cantou fora de Portugal, na Holanda, apesar “dos insistentes convites, até para ir ao Lincoln Center”, recordou numa entrevista à imprensa. Para os Estados Unidos gravou 20 álbuns.
A ex-locutora radiofónica Ema Pedrosa afirmou à Lusa: “se fosse hoje, com a quantidade de discos que vendeu, a Fernanda Maria tinha mais que uma parede só com discos de ouro, foi um estrondo de carreira”.
Entre os seus sucessos contam-se “Não passes com ela à minha rua”, “Saudade vai-te embora”, “Algemas de vidro”, “Negro ciúme”, “As pedras da minha rua”, “Às de espadas”, “Homem de fato castanho”, “Barcos do Tejo” ou “Aquela velhinha”.
Todos os fadistas interpretarão um fado do repertório de Fernanda Maria que obteve a carteira profissional em 1957 e encarou o Fado como razão e explicação da sua existência. Em 1968 afirmou à revista Magazine: "Não sei se foi a pobre existência que tive, se foi a influência de ouvir cantar fado, que gravaram em minha alma esta forma de sentir".
Inez Benamor
Registada aqui fica igualmente a ligação para o relato do evento, a que a venturosa Inês assistiu e de que dá fé no seu Jornal que, agora mesmo, acabei de receber e ler. Ainda bem que foi noite "sem discursos e medalhas de hipocrisia"; mais me aborrece não ter participado de tão raro momento, mas, como se lá estivesse, à de António Sala junto a minha voz e direi também "Viva a Fernanda Maria!".
O assunto a que me quero referir seguidamente prende-se, de certo modo, com este em virtude do tema e do local da ocorrência. O Fado é novamente o assunto e o local a FNAC, à bilheteira da qual me dirigi procurando os supracitados ingressos... é claro que, quando resolvi, "já agora que estou aqui", ir ver o que de novo e velho haveria a nível de discografia fadista, é claro que já não ía com a melhor das disposições... e, rapidamente, fiquei mesmo chateada, digamos assim, mesmo de mal com o mundo. Porquê, perguntarão. Por imensas razões das quais só duas direi: 1.não encontrei nenhum disco de fadistas que procurava ; 2.encontrei à venda o maravilhoso DIVAS, que, por pessoa mais que responsável, me tinha sido dito que iria ser retirado, uma vez que a obra estava praticamente esgotada... Baldito comércio cultural!... Afinal, nem admira que, agora, os poetas já não sejam cultos ou eruditos, mas cultivados!... Vánessa, vá!
E, finalmente, "last but not least", um assunto afrontoso que descobri há já algum tempo, de passeio pela net, tendo aterrado nesta inominável coisa (que parece de encomenda) dum auto-denominado orgulho branco...
http://www.stormfront.org/forum/t592627-8/

Ó mulata Berta Cardoso, olha que, ariana que sou, fiquei negra de vergonha!

Laus Deo!

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