quarta-feira, setembro 30, 2009

ARTUR RIBEIRO - "Fiz leilão de mim"

VÍDEO DE HOMENAGEM
Talvez de razão perdida / Quis fazer leilão da vida / Disse ao leiloeiro / Venda ao desbarato / Venda o lote inteiro / Que ando de mim farto / Meus versos que não são versos / Atirei ao chão dispersos / A ver se algum dia / O mundo pateta / Por analogia / Diz que sou poeta
Fiz leilão de mim / E fui por fim apregoado / Mas de mau que sou / Ninguém gritou arrematado / Fiz leilão de mim / Tinhas razão minha almofada / Com lances a esmo / Provei a mim mesmo / Que não valho mais que nada
Também quis vender meu fado / Meu modo de ser errado / Leiloei ternura / Chamaram-me louco / Mostrei amargura / E o mundo fez pouco / Depois leiloei carinho / E em praça fiquei sozinho / Diz-me a pouca sorte / Que para castigo / Até vir a morte / Vou ficar comigo.

"Um dos casos raros de artista que não se limitava a interpretar mas igualmente compunha - e muito! - Artur Ribeiro escreveu alguns dos maiores clássicos da música ligeira portuguesa, como A Rosinha dos Limões, Nem às Paredes Confesso ou A Fonte das Sete Bicas.Natural do Porto, onde nascera em 1924, Artur Ribeiro gostava de cantar em miúdo mas o seu temperamento tímido fazia-o cantar escondido atrás de uma cortina. Em 1940, a família muda-se para Lisboa e é aqui que o seu talento é descoberto: num baile organizado pelo Clube Radiofónico de Portugal, Artur Ribeiro começa a trautear enquanto dança com uma jovem que queria impressionar, sendo imediatamente notado pelo director de programas da estação, que o convida a actuar numa festa em honra do Cônsul do Brasil. Nessa festa, por seu lado, Ribeiro é abordado por um dos responsáveis da Rádio Peninsular para se juntar ao elenco daquela emissora como tenor lírico. Empregando-se para não sobrecarregar o orçamento familiar, Artur Ribeiro vai subindo profissionalmente, passando inclusive a produtor de emissões e começando a compor as suas primeiras canções. Em 1944, estreia-se profissionalmente num espectáculo da Esplanada da Voz do Operário, ao lado de Amália Rodrigues, e em seguida estreia-se no teatro na Revista Internacional de 1945 no Coliseu dos Recreios, partindo em seguida para o Porto para substituir Luiz Piçarra na opereta A Chave do Paraíso. Em 1946 estreia-se na Emissora Nacional e, no ano seguinte, enfrentando um mau momento profissional, aceita ser cantor da Orquestra do Casino Estoril, iniciando uma nova fase da sua carreira. Modulando a sua voz para a canção ligeira, torna-se um aplaudido vocalista da noite lisboeta, transferindo-se do Casino para o Conjunto de Mário Teixeira, pianista com quem começa a compor regularmente. Em 1948 conhece Max, para quem virá a escrever alguns dos seus maiores sucessos -como Ilha da Madeira - e, em 1949, ganha o seu primeiro prémio como compositor com Canção da Beira.A par com a sua carreira de cantor, impõe-se como compositor, com êxitos como Rosinha dos Limões (que originará em 1954, uma opereta de grande êxito), Maria da Graça, Adeus Mouraria, Pauliteiros do Douro ou A Fonte das Sete Bicas. Em 1965, contabilizava 300 canções de sua autoria exclusiva e 700 letras feitas para melodias suas e de outros. Max, António Calvário, Rui de Mascarenhas, Madalena Iglesias, Júlia Barroso, Tristão da Silva, Simone de Oliveira ou Maria José Valério gravaram canções de Artur Ribeiro. Presença regular nos programas radiofónicos da APA, grava os primeiros discos em 1953 e passa igualmente pela televisão (onde se estreia em 1957) e pelo cinema (escrevendo a música de O Miúdo da Bica, com Fernando Farinha, onde participou igualmente como actor). Participou igualmente em muitos programas de variedades em Espanha. Faleceu em 1982." ( in http://www.macua.org/biografias/arturribeiro.html)

Este tema da sua autoria, que poderemos classificar como fado musicado, tal como o "Adeus Mouraria", é uma das suas letras mais emblemáticas e, quiçá, representativa da sua personalidade, como afirmam alguns dos que o conheceram.
Para lembrar este notável autor, compositor e intérprete, cuja carreira foi interrompida por questões de saúde, o seu "Fiz leilão de mim" (criação de Tony de Matos), com música de Max, letra e interpretação do próprio Artur Ribeiro, acompanhado pela Orquestra de Rocha Oliveira .

D.L.68

domingo, setembro 27, 2009

LIRA gosta de CARMINHO

Chega-nos da Suécia este recorte da Lira, uma revista especializada em música
A coluna "Lira Gillar" que, como todos sabemos :), equivale a dizer "Lira likes", o que em português significa "Lira gosta de", destaca os melhores albuns e, desta feita, de entre a produção mundial, a escolhida foi Carminho e o seu CD de estreia, sendo a crítica subscrita por Ulf Bergqvist, um sueco apaixonado pelo fado e por Lisboa, autor, com Thomas Nydahl, do belíssimo livro "Lissabon - Miljöer -Människor - Musik", i.é, "Lisboa - Ambientes - Pessoas - Música".
É evidente que esta escolha me enche de orgulho, tanto mais que esta menina é uma das minhas mais preferidas fadistas da nova geração.
A fim de facilitar os que usualmente não falam sueco e que, portanto, tal como eu, têm alguma dificuldade em perceber integralmente o texto em sueco :), solicitei ao próprio autor que me enviasse uma tradução em inglês e é essa que aqui se transcreve seguidamente

"The young singer Carminho has been a respected name in fado for a long time before she now makes her debut on cd. Portugal’s best guitar players gather around this singer, and here six of them are present in various constellations, José Manuel Neto, Bernado Couto and Ricardo Rocha at front, all on guitarra portuguesa. Diogo Clemente on viola contributes throughout. This very even, well prepared production contains a finely composed selection of songs, some of them based on traditional fado. Carminho must already, 24 years young, be regarded as one of the major names of the new fado. She has a good voice, but the most remarkable thing about her music is her total presence in every syllable, her dynamically very varied, richly ornamented melodic line and the energetic, temperamental way of singing. This is fado working at depth, strongly connected to the traditional ways of expression in fado, as authentic as it can be in today´s internationalized media world. The best debut cd in fado for many years! "

Adoro este final!
Parabéns Carminho!

domingo, setembro 20, 2009

JÚLIA CHAVES - "Vai e vem do cacilheiro"

VÍDEO DE HOMENAGEM


Em Abril de 1988, um conhecido jornal da época referia-se assim a Júlia Chaves "uma fadista com o curso de Teatro do Conservatório Nacional - o que deve ser caso virgem - continua a sua carreira em restaurantes típicos, aguardando uma oportunidade válida para voltar aos palcos... Entretanto, talvez para justificar o «canudo», vai fazendo recitais de poesia de quando em quando..."


Efectivamente, esta flaviense, que através do seu nome artístico presta homenagem à sua cidade natal, vem para Lisboa em 1965, tendo ingressado no Conservatório Nacional onde frequentou e terminou com excelência o curso de teatro. Porém, foi como cançonetista que iniciou a sua carreira, nos anos 50, no Porto e seguidamente em Luanda e em Lourenço Marques . Nas décadas de 60 e 70 a sua actividade artística centra-se no teatro, declamado e ligeiro, e, nos anos 80/90 dedica-se quase que exclusivamente ao Fado, tendo integrado os elencos da Viela, do Painel do Fado, Mesquita, Taverna d'El Rei, bem como actuado nas mais variadas colectividades do país. Em 1992, por motivos de saúde, interrompe a sua carreira artística, não a tendo retomado posteriormente.

Lembro-a hoje aqui, interpretando este fado que tem letra de Rui Manuel e música de Vital d'Assunção.

Beijinho, Júlia!

sábado, setembro 19, 2009

Em CARTAZ



Em 1958, eram estas as casas de fado anunciadas n' "A Voz de Portugal" e respectivos fadistas e instrumentistas residentes.
Saudade!...
"Ó Tempo, volta p'ra trás..."

sexta-feira, setembro 11, 2009

XAVIER DE OLIVEIRA - "A Voz das Vozes"

VÍDEO DE HOMENAGEM

Que eu conheça, Xavier de Oliveira foi o único, no seu género, "especializado em vozes fadistas", embora também imitasse cançonetistas, como se pode constatar pelas selecção que fiz e apresento neste vídeo.
Recordar o Imitador Xavier de Oliveira

Xavier Pinto de Oliveira, nasceu a 18 de maio de 1939 na localidade de Quinta do Anjo perto de Palmela.
Oriundo de uma família de agricultores, logo de muito cedo se viu que tinha muito jeito para cantar, começou a fazer a sua primeira imitação por volta dos catorze anos, o artista que primeiro imitou e o que mais gostava era Luís Piçarra, que nessa altura estava no seu apogeu.
Em 1962, morava na Moita, e trabalhava numa oficina de automóveis, como electricista, é aí que numa festa têm a sua estreia em público, como amador, onde obtêm grande êxito e é incentivado a continuar, e acaba por ser descoberto pelo então conhecido locutor de radio Armando Marques Ferreira, que lhe dá mais motivos para se tornar profissional.
Já como profissional, é convidado em 1963 para actuar no Coliseu dos Recreios na Grande Noite do Fado, tendo obtido grande êxito.
Cantou em vários programas de radio, no programa “Serão para Trabalhadores” , na Emissora Nacional, no programa “Comboio das Seis e Meia, etc.
Teve várias actuações na televisão, no programa “Zíp Zip” e “Natal dos hospitais” .
Fez parte do elenco da revista “Na Brasa” com Humberto Madeira, Eugenio Salvador Elvira Velez, entre outros. Também actuou no estrangeiro, Estados Unidos da America, Alemanha, Franca, Espanha, e ainda nas ex.colónias, Angola e Moçambique.
Xavier de Oliveira, gravou 12 discos, sendo o primeiro em 1966.
Imitou grandes artistas de nomeada, destacando, Alfredo Marceneiro, Alberto Ribeiro, António Mourão, Fernando Farinha, Luís Piçarra, Nelson Ned, Roberto Carlos, Carlos do Carmo, Egidio, Eduardo Nascimento, Tony de Matos, Trintão da Silva, Frei Hermano da Câmara, Rui de Mascarenhas, Manuel Fernandes, Manuel de Almeida, Francisco José, etc.
Para alem da faceta de imitador também interpretou duas canções suas, o Fado Canção Rosa Moleira, gravado em 1966, e a canção Garotas de Agora, um dos seus grandes êxitos, em 1971.
Faleceu prematuramente, no dia 25 de abril de 1972 com 33 anos, entre Samora Correia e Benavente onde se ia encontrar com a saudosa Herminia Silva.

Luís Oliveira
(Filho)
in http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/, o blog de Vitor Marceneiro a quem, uma vez mais, aqui quero agradecer a cedência desta e outras biografias;
de igual modo, agradeço a Fernando Baptista, do blog http://fbfadoporto.blogspot.com/ por pôr à disposição a sua imensa colecção de capas de discos.

domingo, setembro 06, 2009

MARÍA DO CEO - "Amor de mel Amor de fel"

Uma das mais conceituadas fadistas em terras de Espanha, María do Ceo é portuguesa, filha de fadista, natural do Porto, mas residente na Galiza há muitos anos...
Para saber mais, pode ir aqui http://www.mariadoceo.com/biografia.php

Esta é uma das interpretações de que mais gosto deste inspirado fado, que tem letra de Amália Rodrigues e música de Carlos Gonçalves
VÍDEO DE HOMENAGEM

terça-feira, setembro 01, 2009

MARIA SILVA - "Fado Antigo"




VÍDEO DE HOMENAGEM




Fado de Lisboa (1928-1936), ed. Tradisom, col. Arquivos do Fado, vol I
A colecção Arquivos do Fado conta agora com 3 novos belíssimos CD's, que incluem uma quantidade considerável de inéditos das fadistas ERCÍLIA COSTA, MARIA ALICE e AMÁLIA. Saiba tudo aqui