quinta-feira, dezembro 30, 2010

VARINAS

I.P. 1906

Uma homenagem real às "Varinas", rainhas também, mas cujo "«Paço» é na Ribeira, / Na fragata ou na falua,...", como escreveu o poeta "popular" Linhares Barbosa e Manuel Calixto tão bem interpretou

http://fadocravo.blogspot.com/2008/12/manuel-calixto-varinas.html

Na mesma música (embora no disco se atribua a autoria a Raul Campo Grande...), Artur Batalha interpreta "Essa varina", do poeta "popular" e também fadista António Rocha


Mas também os poetas "cultivados", como diria Vasco Graça Moura, celebraram esta figura tão própria de um país de marinheiros... entre eles, Fernanda de Castro, num belo poema que Frei Hermano da Câmara musicou e interpreta

http://fadocravo.blogspot.com/2010/08/varinas.html


assim perpetuando a memória dessas mulheres que embelezavam todas as "Ribeiras" -

"A cadência sensual das suas ancas / Tem a forma das ondas no mar alto"

e que têm como paradigma possível "A Rosa da Madragoa", esta numa castiça interpretação de Raquel Tavares



estoutra, de J.Frederico de Brito, que Fernanda Maria magistralmente interpreta no Fado Seixal


E é com este cheirinho a maresia, que encerro a minha actividade de 2010, neste blogue, e desejo a todos os amigos e aos inimigos também (que bem precisam) uma muito boa onda para o difícil ano que se aproxima; porém, se tiverem que "mostrar quem manda" não hesitem em fazer uma enorme peixeirada (que muito alivia o stress) e até, porque não, "amandem c'uma chaputa" à tromba de qualquer um ... É mesmo a única linguagem que muitos deles ainda entendem e respeitam... Se persistirem em ser, como eu, very polite, verão como vos enrolam a torto e a direito com doces palavrinhas... Mas, p'ró ano, tudo vai ser diferente, aposto; sou até capaz de arriar a giga nas mais improváveis ocasiões e nos mais very refined places... Nestes tempos, uma lady também se passa, ora essa! Tal como um gentleman... lembram-se do rei de Espanha? Ora bem!...

Cheia desta gentinha!...

Vivam as Varinas!

Bom Ano, então! BONS FADOS!

sábado, dezembro 25, 2010

Prendinhas de NATAL


Todos os anos me acontece esta coisa singular de ter sempre mais prendas do que esperava... deve ser por nunca esperar seja o que for, mas, claro, fico agradada por se lembrarem de mim e me reabastecerem daquelas gulodices, lambarices e mezinhas que se dão aos que já vão tendo mais do que a conta... até mesmo porque os chocolates, dizem, estimulam o cérebro e tudo o que é serotoninas e endorfinas e tal, o que me ajuda a manter aquela boa disposição que todos conhecem e aquela risada tão verdadeira que, a uns aterroriza, a outros contagia... Acabo de descobrir que, muito provavelmente, abusei até da dose diária porque estou a falar de mim, coisa invulgar e desinteressante, mas vou controlar-me e partilhar convosco a notícia de apenas duas das prendas que tive, até porque são públicas, no exacto sentido da palavra.

A primeira foi, por certo, o facto de este blogue ter alcançado, em um ano, 100.000 visitas o que pode até não ser muito, comparativamente a outros blogues, mas, para mim, é fantabuloso! Comentários e seguidores é que são muito poucos, mas, de facto, depois de ler os meus espantásticos verbetes, poucos têm pedalada para ripostar, ora bem! :-), isto por um lado, por outro, muitos não querem que se saiba que sequer conhecem este blogue onde vêm beber a informação e as ideias que depois comercializam como suas, verdade? :-) Ralada não fico, mas triste, com a cada vez maior desonestidade intelectual que prolifera neste rectângulozinho à beira mar plantado... Seja como for, que a minha vida é outra, saudações cordiais e fadistas a todos quantos por aqui passam e votos de que continuem a ser fregueses, mesmo para vosso bem, porque, por cá, há sempre novidades antigas... Presunção e água benta!...

A segunda prenda que tive este Natal, porque só há dias dei por ele, foi, sem dúvida, o recauchutado site do Museu do Fado. Até que enfim! Está para melhorar e alimentar, sem dúvida, mas já é alguma coisa. Se ainda não deram por isso, embora eu o tenha logo linkado aí ao lado esquerdo, ele aqui está. Já dei por lá com alguns gatos (este e estoutro, por ex.) e as funcionalidades não estarão todas ainda a funcionar (não consigo abrir mais informação, clicando na foto das "personalidades"), mas, olha, isso sou eu que tenho esta particular virtude de me cair a lente logo, logo, em cima do erro... a lente e, se calhar, não só...:-) . Contudo, é melhor que nada e lacuna que tardava remediar... Por isso, ao trabalho!, que uma sou eu só e a Fadoteca cresce diariamente e com alguma matéria também em Espanhol e Inglês...

Por tudo isto e o mais que não direi, a todos e todas (como ora soi dizer-se) os meus públicos agradecimentos!

segunda-feira, dezembro 20, 2010

"É NATAL"

Há 82 anos nascia, no Barreiro, aquele que foi um notável fadista e autor, Fernando Farinha; este fado, com que hoje o lembro, mais uma vez, é de sua autoria e de Artur Ribeiro.

A todos desejo que seja sempre Natal !

domingo, dezembro 19, 2010

FLADO II

I.P.

J.Dantas - Ilust. Manuel Gustavo

De braço dado, Portugal e Espanha, flamenco e fado, ai! olé!...

domingo, dezembro 12, 2010

ANTÓNIO MENANO - "O Beijo"

G.P.
Um outro Fado, o de Coimbra, na voz de um dos seus máximos expoentes, o Dr. António Menano, "um dos "magníficos" da Década de Oiro"...





O BEIJO
Música: Ruy Coelho (1892-1986)
Letra: Afonso Lopes Vieira (1878-1946)
Incipit: À minha amada, na praia
Origem: Lisboa
Data: 1917

À minha amada, na praia
Dei um beijo, a sós e a medo;
Mas a onda que desmaia
Foi contar o meu segredo.

E às outras logo contando
O beijo que me viu dar,
Foi de onda em onda passando
O meu segredo, a cantar.

Treme ansioso o teu seio,
E eu, pálido de temor:
Que todo o mar anda cheio
Daquele beijo de amor!

Cantam-se as estrofes de seguida sem repetir verso algum.
Esquema do Acompanhamento:
1º Dístico: Lá M, Dó# m, Ré M 2ª Lá, Lá M;
2º Dístico: Ré M, 2ª Si, Si m 2ª Lá, Lá M.

Informação complementar:
A música deste lied tem sido indevidamente atribuída a António Menano, mas é de Ruy Coelho (1892-1986), compositor nacionalista, posicionado na esteira dos contributos teóricos de Teófilo Braga, César das Neves, Rey Colaço, Antero da Veiga, Raul Lino e Afonso Lopes Vieira. As posteriores ligações ao ideário salazarista não lhe grangearam boa fama junto das elites triunfantes após 1974.
Lied gravado em Maio de 1927 pelo barítono profissional activo em Lisboa Edgar Duarte de Almeida, com acompanhamento de piano (Disco Columbia, 8108, master P 168); no disco vem correctamente o nome de Afonso Lopes Vieira, como autor da letra, e de Ruy Coelho, como autor da música. No verso do dito disco vem um outro lied, intitulado O Fado (Quem te deu tanta tristeza), letra de António Botto, música de Nicolau de Albuquerque.
António Menano gravou esta bela ária em 1927, em Paris (Discos ODEON, 136810 e A 136810, master Og 577), cantando-a em Lá Maior. Posteriormente, em 1986, foi reeditada em LP, no II Volume do álbum duplo, sob o título Fados de Coimbra de António Menano. Em Setembro de 1996 a EMI-Valentim de Carvalho editou o 3º CD sobre António Menano, sub-título Canções, que inclui O BEIJO.
A letra de Afonso Lopes Vieira encontra-se a págs. 266 e 267 do livro Os Versos de Afonso Lopes Vieira, “Cancioneiro III, Canções de Amor e Saudade”. A letra que se apresenta é a cantada por António Menano e é ligeiramente diferente da que consta no dito livro, cujo 4º verso é “Descobriu o meu segredo” (em vez de “Foi contar”). A composição remonta a 1917, tendo sido publicada em 1918 pelo autor num raro livreto, intitulado “Canções de Saudade e Amor”.
Gravado por António Bernardino em 1966, acompanhado à guitarra por António Portugal e Manuel Borralho e, à viola, por Rui Pato (EP Alvorada, AEP 60817); no disco a autoria é atribuída a António Menano. O arranjo de acompanhamento concebido por Portugal é digno de referência. Bernardino interpreta este lied em Mi Maior e procede a estropiamentos da letra (4º verso da 1ª quadra, 2º verso da 2ª quadra e 3º verso da 3ª quadra). Disponível em long play pela Rádio Triunfo, em 1985 (LP AQUILA AQU 02-49, sob o título genérico Vários – Fados de Coimbra), que também dá a autoria da música a António Menano. Disponível em compact disc: CD Fados de Coimbra – N.º 45/O Melhor dos Melhores, Movieplay, MM 37.045, editado em 1994; CD Serenata Monumental, Lisboa, Movieplay, MOV 30. 487, ano de 2003, CD 2, faixa nº 11, com identificação correcta de autorias.
Gravado pelo Grupo Académico Serenata (do Porto), com Victor Silva no canto, Engº. Cunha Pereira e Jorge Carvalho nas guitarras e Dr. Carlos Teixeira e Arnaldo Brito nas violas, editado pela Movieplay em 1986 (LP ORFEU LPP 44, sob o título Fados de Coimbra – Grupo Académico Serenata), que também indevidamente atribui a música a António Menano.
Gravado em cassete pelo Grupo de Fados de Coimbra Toada Coimbrã, Movieplay, ano de 1992.
Gravado em compact disc por Carlos Pedro: CD Alma Mater – Grupo de Fados de Coimbra, Secção de Fado/AAC, CD-SF 005, ano de 1995, Faixa Nº 5, acompanhado por Pedro Anastácio/Nuno Cadete (gg) e António Paulo (v). Neste registo, Carlos Pedro segue a matriz fonográfica de António Menano e no 3º verso da 3ª quadra introduz um “de”: «Que [de]todo o mar anda cheio». A autoria é erradamente atribuída a António Menano.

terça-feira, dezembro 07, 2010

ALCINDO CARVALHO - "Vielas de Alfama"

VÍDEO DE HOMENAGEM

Soube, há um par de horas, que Alcindo de Carvalho foi hoje a enterrar; é uma das vozes fadistas que sempre muito apreciei, e que ouvi em vários espectáculos e casas de fado, particularmente em Alfama; talvez por isso, tenha escolhido este fado, que tão bem interpreta, para lhe prestar mais esta homenagem.

sábado, dezembro 04, 2010

"Ovelha negra" - BEATRIZ DA CONCEIÇÃO - FLORA PEREIRA

Um belíssimo fado, com letra de João Dias, duas interpretações de excepção - a de Beatriz da Conceição, que integrou este fado no seu repertório (embora tenha sido escrito para uma antiga fadista- Emília Reis -que foi também a sua criadora); a de Flora Pereira, que o recriou e em boa hora o gravou.




Chamaram-me ovelha negra / Por não aceitar a regra / De ser coisa em vez de ser / Rasguei o manto do mito / E pedi mais infinito / Na urgência de viver

Caminhei vales e rios / Passei fomes passei frios / Bebi água dos meus olhos / Comi raízes de dor / Doeu-me o corpo de amor / Em leitos feitos escolhos

Cansei as mãos e os braços / Em negativos abraços / De que a alma foi ausente / Do sangue das minhas veias / Ofereci taças bem cheias / À sede de toda a gente

Arranquei com os meus dedos / Migalhas de grão, segredos / Da terra escassa de pão / Mas foi por mim que viveu / A alma que Deus me deu / Num corpo feito razão.


sexta-feira, novembro 26, 2010

"O venenoso cogumelo do FADO"


I.P.

De entre muitos textos curiosos, do início do século passado, que tenho encontrado sobre o FADO, este mereceu-me hoje particular atenção, talvez apenas por causa daquela interessante comparação estabelecida entre os cogumelos e o fado... ambos tão "mortais" que, dizem uns, "Não comam cogumelos selvagens!", suplicam outros "Não canteis o Fado!".

Para os que melhor queiram conhecer o autor do texto, aqui têm.

terça-feira, novembro 23, 2010

Coisas e loisas do Fado...

Acordei hoje com esta vontade de confabular acerca do Fado e assim incomodar, uma vez mais, alguns, dos quais uns até muito admiro e aprecio... o que, à primeira vista, pode parecer incongruente, mas não é!, direi eu sem demais explicações.


Em sumário, são 3 os assuntos que me apetece abordar, ou mesmo neles mergulhar, sem escafandro, desprotegida, pois, de qualquer soez ataque tubarónico...


O primeiro dos quais, como não poderia deixar de ser, é o do espectáculo que ontem se terá realizado em homenagem a FERNANDA MARIA e ao qual não assisti por não ter conseguido bilhetes; quando fui por eles, já eram!... Esgotado! Por um lado, pensei eu, esgotou e ainda bem (embora eu nem esperasse outra coisa) mas, por outro lado, que ferro!, saber sempre de tudo à última hora, não sei se por culpa da minha incapacidade para andar mais bem informada ( e não melhor, como agora diz muita gente, mesmo quem deveria saber que "melhor" é superlativo do adjectivo bom e não do advérbio bem, como estabelece a gramática, ou estabelecia, sei lá...), se dos (in)capazes meios de informação. Por certo, terá sido um enorme evento de Fado de que algum blogue da especialidade dará notícia, aproveitando mesmo esta feliz circunstância de a não poder dar eu :-)... Quem deu de novo, no verdadeiro sentido do termo, notícia do espectáculo foi o HardMúsica a cujo primeiro texto, da pena de Zita Ferreira Braga, me referi no anterior verbete; e, não tivesse eu transcrito o mesmo, já a ele não teriam acesso, que foi apagado do espaço, surgindo ontem outro, encabeçado pelo respectivo cartaz e subscrito pela já conhecida Inês Benamor, documentos que, para os devidos efeitos, aqui igualmente ficam registados



Cantar Fernanda Maria
"Cantar Fernanda Maria”, título de um espetáulo no Teatro Armando Cortez, em Lisboa, a Carnide, junto á Casa do artista, que é "um brinde" à eterna interprete de “Não passes com ela à minha rua”.
Os fadistas são Gonçalo Salgueiro, Ana Moura, André Baptista, Cristina Navarro, Ana Maurício, Luís de Matos, Filipa Cardoso, Ricardo Ribeiro, Aldina Duarte, Pedro Moutinho, e Ana Sofia Varela.Serão acompanhados pelos guitarristas José Luís Nobre Costa e José Manuel Neto, os violas Jaime Santos Jr. e Carlos Manuel Proença, e os violas baixo Joel Pina e Daniel Pinto.
Fernanda Maria foi distinguida em 2006 com o Prémio Amália Rodrigues, no programa da gala, que ocorreu no Municipal S. Luiz, Nuno Lopes escreve: “Uma história abreviada do fado não pode deixar de referenciar Fernanda Maria” que qualifica de “intérprete de excepção” e “criadora de fados que perduram na memória”.
À Lusa o fadista Gonçalo Salgueiro, amigo desde sempre da fadista, afirmou: “No fundo, é mostrarmos-lhe o quanto gostamos dela e lhe estamos gratos”.
O fadista que é um dos protagonistas de “Fado – história de um povo”, no Casino Estoril foi o autor da ideia.“A ideia surgiu de uma conversa com a Cristina Navarro e o André Baptista, a que pronta e generosamente muitos aderiram, porque somos fãs da Fernanda Maria”, disse.
“Quem canta são os fãs da Fernanda Maria, daí não subir ao palco ninguém da sua geração”, justificou Gonçalo Salgueiro.
Para o fadista, Fernanda Maria “é uma referência de estilo”.“A Fernanda Maria é uma fadista de raça, tem uma voz completa com graves lindíssimos, médios cheíssimos e agudos esplendorosos e límpidos”, referiu.Nuno Lopes no citado programa refere a “voz límpida e segura”“Uma mulher – acrescentou Salgueiro – em que se percebia tudo o que dizia, cada uma das palavras, que tinha um respeito enorme pelos sentimentos dos poetas, que pesquisava ao máximo quando recebia um poema para não trair a ideia do poeta. Uma intérprete de exceção que nunca imitou ninguém”.Argentina Santos, Amália Rodrigues e Maria Teresa de Noronha são referências para a criadora de “Saudade vai-te embora”
A receita do espectáculo reverterá totalmente para a Casa do Artista.“É uma forma de lhe dizermos muito obrigado, gostamos muito de si, estamos-lhe gratos”, disse Salgueiro, acrescentando que “a utilidade de ajudar uma causa como a Casa do Artista que cada vez precisa de mais apoio”.
Fernanda Maria, 73 anos, começou a cantar aos 12 na Parreirinha de Alfama, e mais tarde, n'0 Patrício, na calçada de Carriche. Com 15 anos apresentou-se na Emissora Nacional, e entre cem candidatos foi uma das escolhidas, passando a atuar em programas como "Serão para trabalhadores", "Estrelas no Odeon", "Comboio das seis e meia" ou "Passatempo PAC".Integrou o elenco de várias casas de fado de Lisboa até fundar a sua própria, “Lisboa à noite”, no Bairro Alto, em 1964.Apenas uma vez cantou fora de Portugal, na Holanda, apesar “dos insistentes convites, até para ir ao Lincoln Center”, recordou numa entrevista à imprensa. Para os Estados Unidos gravou 20 álbuns.
A ex-locutora radiofónica Ema Pedrosa afirmou à Lusa: “se fosse hoje, com a quantidade de discos que vendeu, a Fernanda Maria tinha mais que uma parede só com discos de ouro, foi um estrondo de carreira”.
Entre os seus sucessos contam-se “Não passes com ela à minha rua”, “Saudade vai-te embora”, “Algemas de vidro”, “Negro ciúme”, “As pedras da minha rua”, “Às de espadas”, “Homem de fato castanho”, “Barcos do Tejo” ou “Aquela velhinha”.
Todos os fadistas interpretarão um fado do repertório de Fernanda Maria que obteve a carteira profissional em 1957 e encarou o Fado como razão e explicação da sua existência. Em 1968 afirmou à revista Magazine: "Não sei se foi a pobre existência que tive, se foi a influência de ouvir cantar fado, que gravaram em minha alma esta forma de sentir".
Inez Benamor
Registada aqui fica igualmente a ligação para o relato do evento, a que a venturosa Inês assistiu e de que dá fé no seu Jornal que, agora mesmo, acabei de receber e ler. Ainda bem que foi noite "sem discursos e medalhas de hipocrisia"; mais me aborrece não ter participado de tão raro momento, mas, como se lá estivesse, à de António Sala junto a minha voz e direi também "Viva a Fernanda Maria!".
O assunto a que me quero referir seguidamente prende-se, de certo modo, com este em virtude do tema e do local da ocorrência. O Fado é novamente o assunto e o local a FNAC, à bilheteira da qual me dirigi procurando os supracitados ingressos... é claro que, quando resolvi, "já agora que estou aqui", ir ver o que de novo e velho haveria a nível de discografia fadista, é claro que já não ía com a melhor das disposições... e, rapidamente, fiquei mesmo chateada, digamos assim, mesmo de mal com o mundo. Porquê, perguntarão. Por imensas razões das quais só duas direi: 1.não encontrei nenhum disco de fadistas que procurava ; 2.encontrei à venda o maravilhoso DIVAS, que, por pessoa mais que responsável, me tinha sido dito que iria ser retirado, uma vez que a obra estava praticamente esgotada... Baldito comércio cultural!... Afinal, nem admira que, agora, os poetas já não sejam cultos ou eruditos, mas cultivados!... Vánessa, vá!
E, finalmente, "last but not least", um assunto afrontoso que descobri há já algum tempo, de passeio pela net, tendo aterrado nesta inominável coisa (que parece de encomenda) dum auto-denominado orgulho branco...
http://www.stormfront.org/forum/t592627-8/

Ó mulata Berta Cardoso, olha que, ariana que sou, fiquei negra de vergonha!

Laus Deo!

sexta-feira, novembro 19, 2010

"Cantar para FERNANDA MARIA"

Plateia 1968

Li, no HardMúsica que recebi hoje, a notícia abaixo, que aqui não posso deixar de publicar, não só para chegar a mais e outro público que queira estar presente nesta homenagem que Fernanda Maria tanto merece, mas também para fazer duas pequenas correcções.

É claro que fiquei muito feliz ao ter conhecimento desta merecida homenagem, realçando o facto de a realização do espectáculo se dever à iniciativa de alguns jovens fadistas e de reverter a receita para a Casa do Artista. O elenco, de primeiríssima água! Por todas as razões e mais esta, espectáculo a não perder!

Apenas... que pena! queria, por uma vez, ser simpática e ficar-me por ali, pelo brilho merecido da Fadista que a notícia deveria destacar com rigor, mas, que hei-de fazer?, parece até que me enviam estas "coisas" para me ouvirem, (bem recentemente, sucedeu o mesmo com aquela lastimável tirada do Nery, a que me referi no último verbete e de que ainda tenho dúvidas de que não tenha sido um mal entendido da jornalista, sei lá...) então, aqui vai, em jeito de recado telegráfico como se impõe na circunstância...

- a fadista que ficou conhecida por "A Míúda do Alto do Pina" foi a igualmente veterana e consagrada Mariana Silva, como já tem sido referido em blogues da especialidade... (ora bem!)

- muito embora o mais recente acordo ortográfico estabeleça as mais discutíveis regras, não me parece que a tanto tenha chegado... "ocurreu"??? Só pode ser falta de revisão de texto, porque nem me passa pela cabeça que jornalista dê erro!... Ah, pois não!... :-)

Bons Fados!

Lá nos encontraremos Domingo, se Deus quiser e o Tempo ajudar!


"Homenagem a Fernanda Maria na Casa do Artista

Por iniciativa de alguns jovens fadistas, vai realizar-se no Teatro Armando Cortez, a conhecida Casa do Artista, no dia 22 de Novembro um espectáculo de fado subordinado ao tema "Cantar para Fernanda Maria". O elenco fadista escolhido André Baptista, Ana Maurício, Luis de Matos, Cristina Navarro, Filipa Cardoso, Ricardo Ribeiro, Aldina Duarte, Pedro Moutinho, Ana Sofia Varela, Gonçalo Salgueiro, Ana Moura são nomes que atestam bem da qualidade do espectáculo cuja receita reverte para a Casa do Artista.
Entre os músicos destacados para os acompanhar contam-se José Luis Nobre Costa, Jaime Santos Jr, Joel Pina, José Manuel Neto, Carlos Manuel Proença, Daniel Pinto.Maria Fernanda Carvalheira dos Santos nasceu em Lisboa em 1937 começando desde muito nova a sua vocação como fadista. Chegou a ser conhecida como "A Miúda do Alto do Pina" talvez porque a sua carreira se iniciou nas mesmas alturas de Tristão da Silva. Com apenas 12 anos de idade gravou o seu primeiro disco e a sua estreia como fadista profissional ocurreu no Parreirinha de Alfama. Nos anos 60 Fernanda Maria realizou o seu sonho com a abertura da sua casa típica "Lisboa à Noite", um local atraente para as grandes estrelas do fado num ambiente onde os apontadores do fado e os fadistas de nome se reuniam para ouvir a canção de Lisboa. Fernanda Maria também cantou fora de portas realizando digressões pelo estrangeiro."
Zita Ferreira Braga


Como nunca é demais recordar o que é bom, deixo-vos com Fernanda Maria e a sua interpretação do "Versículo" , um Fado de Saudade!...


quinta-feira, novembro 11, 2010

"Estás a pensar em mim, promete, jura"

Primeiro foi esta notícia, no HardMusica

Mariza grava novo disco com fados tradicionais

“Fado tradicional” é o título do novo álbum de Mariza, que integra um dueto com Artur Batalha, “Promete jura”, e ainda temas de autoria de Fernando Pessoa, Amália Rodrigues e Diogo Clemente, entre outros, noticiou a Lusa.

O álbum, o quinto de estúdio de Mariza, é o primeiro produzido pelo músico Diogo Clemente, e será apresentado no Coliseu do Porto, no dia 25 de Novembro, e no dia 29 no de Lisboa, num cenário desenhado pelo arquitecto Frank Gehry.

Tal como o título indica, as melodias que interpreta são fados tradicionais, casos do Fado Sérgio, a solo e em dueto com Artur Batalha, no tema “Promete jura” (Maria João Dâmaso/Sérgio Dâmaso), Fado Alfacinha para o tema de Fernando Pinto Ribeiro “As meninas dos meus olhos”, ou o Fado Varela para uma letra de Diogo Clemente, “Mais uma lua”.
De Fernando Pessoa interpreta na melodia do fado bailarico de Alfredo Marceneiro, “Dona Rosa”.

“Ai, esta pena de mim” (Amália Rodrigues/José António Guimarães Serôdio) no Fado Zé António, e “Na rua do silêncio” na melodia do fado alexandrino de Joaquim Campos com letra de António Sousa Freitas, são dois dos temas do repertório de Amália Rodrigues que recria.

Acerca deste CD, o musicólogo Rui Vieira Nery afirma que a fadista “regressa às próprias raízes do fado ‘clássico’, mergulhando por completo nas tradições mais autênticas e mais consagradas pelo tempo de um género de que é hoje um expoente consagrado”.
“Ao mesmo tempo – escreve ainda Nery – [Mariza] continua atenta a uma nova geração de jovens compositores como Sérgio Dâmaso, e estimula os seus acompanhadores a apoiá-la nesta viagem como um suporte instrumental assumidamente contemporâneo e por vezes ousadamente experimental”.
Uma “mistura tão especial do velho e do novo, mas sempre só o melhor”, remata o musicólogo.

“Rosa da Madragoa” (Frederico de Brito/José Duarte) na melodia do fado Seixal, “Boa noite, solidão”, um tema criado por Fernando Maurício, no fado Carlos da Maia, com um poema de Jorge Fernando, “Desalma” de Diogo Clemente na música do fado Alberto de Miguel Ramos, e ainda “Meus olhos que por alguém” no fado menor do Porto de José Joaquim Cavalheiro Jr. com letra de António Botto, de quem a fadista já interpretou “Os anéis do meu cabelo” com música de Tiago Machado, são outros dos temas incluídos no álbum.

O novo disco estará disponível numa “edição standard” (CD com 12 fados), numa “edição especial” (12 fados e dois extra) e uma "edição digital".
Os temas extra da edição especial são “Olhos da cor do mar” de João Ferreira-Rosa e Óscar Alves na música do fado Amora de Joaquim Campos, e “Lavava no rio lalava” de Amália Rodrigues e José Fontes Rocha.

“Fado Tradicional” foi gravado no Lisboa Estúdios entre julho e setembro passados, e sucede a “Terra”, produzido por Javier Limón, editado em 2008.
A fadista é acompanhada por Ângelo Freire (guitarra portuguesa), Diogo Clemente (viola) e Marino de Freitas (viola-baixo).

Mariza, já distinguida com vários prémios nacionais e internacionais, actua dia de S. Martinho (dia 11) na Sala Palatului na Roménia, seguindo para a Suíça onde canta em Basileia, no dia 14.
(IB)
("uma nova geração de jovens compositores como Sérgio Dâmaso"???!!!)
Depois, foi este vídeo no Youtube

Foi a surpresa, a saudade e a emoção e

finalmente, resolvi registar em vídeo esta superior interpretação do fado "Estás a pensar em mim", também conhecido como "Promete, jura", um fado de que são autores o Sérgio Dâmaso e a filha, Mª João, um fado que muitas vezes ouvi na "Viela", precisamente interpretado pelo seu criador e autor da música, o Sérgio.

segunda-feira, novembro 01, 2010

ANTÓNIO BOTTO

I.P.

Do genial António Botto, um dos poetas mais brilhantes do seu tempo, diz-se mesmo que era Homem de génio, o que terá contribuído para a sua proscrição; mas o que verdadeiramente o tornou num dos Poetas Malditos da nossa História Literária foi, por certo, a corajosa confissão do seu diferente sentir que um homofobismo dominante não consentia... esse dandy que encantou a boémia de Lisboa e que foi reconhecido maior pelos mais brilhantes intelectuais de então, que gozou de enorme, mas breve glória, e que deu também assinalável contributo ao Fado, a "Imortal Canção", viu-se constrangido a emigrar para o Brasil, com sua mulher, Carminda Rodrigues, sua companheira fiel mesmo nesses piores momentos de decadência e miséria vividos no "exílio"... Também ao partir, apenas os braços da sua "doce companheira" o terão acolhido e, por certo, selado, num demorado beijo, esse Amor jurado um dia, assim se cumprindo este Soneto...

quinta-feira, outubro 21, 2010

BERTA CARDOSO


Como já vem sendo hábito, desde que iniciei este blog, em 2005, sempre assinalo o 21 de Outubro, lembrando esse nome maior do Fado, que foi a cantatriz BERTA CARDOSO, nascida em Lisboa, neste dia, em 1911.

Hoje, ao recordá-la, lembro também um assunto de que me ficou alguma mágoa. Há cerca de uns quatro anos, fui contactada por uma editora fonográfica no sentido de disponibilizar a informação possível, uma vez que ia ser editado, na colecção Biografias - Fado, um CD de Berta Cardoso. É claro que não me fiz rogada e forneci todas as indicações que tinha e documentos que me foram solicitados, e até escrevi, por igualmente me ter sido solicitado, um breve apontamento acerca da Diva. Tempo passou, a água dos rios correu sob as pontes e, do CD, nem novas nem mandados... O responsável pela editora, pessoa tão bem educada quanto desalembrada, nunca teve uma palavra de agradecimento pela colaboração prestada e nem sequer uma explicação pelo facto de, afinal, o CD não ter saído da fase de projecto... Do "livrinho" que o acompanharia, dou a conhecer a capa e o texto que então escrevi.

É lamentável que, até hoje, se não tenha reeditado, em CD, pelo menos o pouco que ficou e/ou se conhece gravado do que foi o imenso repertório de Berta Cardoso. Talvez que, algum dia, alguém nos presenteie com a edição de um desses CD... Pela minha parte, para o ano, data em que se comemora o centenário da artista, penso editar um livro em que reunirei a parte mais significativa do seu repertório e... quem sabe?!... Vai ser edição mais que limitada; por isso, meus amigos, o melhor é irem já inscrevendo-se!... Entretanto, não deixem de consultar a Fadoteca; ajuda a clarificar muitas obscuridades circulantes difundidas pelas instituições dominantes e descobrir-vos-á, por certo, alguns "segredos" que, embora, tendo sido bem guardados, deixaram de o ser, hélas!... Creio que não se arrependerão!

Para ti, Berta Cardoso, esta constante saudade!

sexta-feira, outubro 15, 2010

KATIA GUERREIRO - "Minha Lisboa de mim"



"Fado Maior", o primeiro CD de Kátia Guerreiro, bem parece ter sido nome premonitório de uma carreira que tem vindo a crescer na voz e interpretação desta fadista que, não tendo embora nascido em solo português, encontrou em Lisboa a sua identidade; "Minha Lisboa de mim", de Nuno Gomes dos Santos e de Silvestre Fonseca, um Fado Maior a celebrar 10 anos de carreira de uma fadista já consagrada.

"Um Programa de Fado"

terça-feira, outubro 05, 2010

"AS QUATRO PADROEIRAS" - Manuela Telles da Gama

Este tema, de que hoje aqui dou notícia, integra um CD muito especial, produzido pela Fundação Nossa Senhora da Saúde (a "Nossa Senhora do Fado"), constituído por 12 fados-oração, interpretados por Manuela Telles da Gama, a Mané, como é conhecida entre os Fadistas.

Sendo Portugal um país de filiação católica apostólica romana, como o foi exclusivamente até há bem poucas décadas atrás, é natural que o Fado espelhe igualmente essa realidade, como se verifica no já consagrado Repertório Fadista, de que lembro, por exemplo, o "Avé Maria Fadista" e "Senhora da Nazaré", temas que também fazem parte deste disco.

O poema deste Fado que escolhi, "As quatro Padroeiras", é de Diogo Pacheco de Amorim e a música é de José Campos e Sousa.

VÍDEO DE HOMENAGEM

sexta-feira, outubro 01, 2010

"Adeus Mouraria"



Sec. Ilust. 1948

Nesta crónica, Artur Portela, referindo-se ao desaparecimento de mais um velho trecho de Lisboa , "brasão de glória bairrista", sustenta que "O Arco do Marquês do Alegrete era o fado", o "velho fado", "o que já não se canta"... Pois, não cantará!..., mas que, felizmente, o Fado continua vivo e de saúde, ninguém duvida e que continua a contar com grandes letristas, compositores, instrumentistas e intérpretes, também ninguém põe em causa...
Exemplo disso, este "Adeus Mouraria", de Artur Ribeiro, interpretado pelo mais novo dos Moutinhos, o Pedro.

segunda-feira, setembro 27, 2010

"Ouvi dizer"




MARIA GALVANY sings "Ouvi dizar" by Julio Neuparth--FADO PORTUGUEZ--Victor record 87061, recorded May 12, 1908. BRILLIANT singing & a BRILLIANT recording. Contrary to what you're thinking, some of you night recognize the latter part of this song, which is very beautiful and lively.

This disc was never released in the U.S., which explains why it's generally UNKNOWN.

In Dec. 2008, the composer's great- grandson, Antonio Neuparth Sottomayor, sent an email from Portugal that included a picture of Galvany and the 1903 program where the song was introduced to the public. FADO was written FOR Maria Galvany.

Galvany made 22 "G & T Victor" recordings, most of which were not in U.S. catalogs.

Marisa Galvany (1878-1944), one of the most dazzling coloratura sopranos who every lived, was born in Granada and studied at Madrid Conservatory.

She made her debut as Lucia at Cartagena in 1897. Specializing in coloratura roles, she sang with great success in Spain and Italy, gaining her greatest popularity in South America. She also toured with a company that performed throughout Europe, including Russia, where she was a favorite singer.

In London in 1909, she appeared at Drury Lane as Amina, Rosina, and in the title role of Meyerbeer's Dinorah. In Lisbon she sang uninterruptedly for 15 years at the Coliseu.

She gained great success in Parma, Venice, and Genoa. Galvany NEVER appeared at La Scala, the Met, the Teatro Cólon, or Covent Garden.

She retired to Brazil, taught for a period, and died there in poverty. (Daqui)

Acerca do autor:

(Rev. Occidente 1901)

sábado, setembro 25, 2010

"BICHINHA GATA"

I.P.

Partitura de um dos fados desta revista, o "Fado da Amargura".


"Nas revistas portuguesas, o fado é inevitável. O fado é a cocaína do nosso povo"

O nosso povo, agora, parece preferir outras cocaínas..., mas que o Fado voltou a estar na moda, lá isso!... o que muito apraz a todos os oportunistas e aproveitadores... Já agora, pelo menos, que dele se não pudesse augurar a desnacionalização, como Oliveira Martins o faz acerca do futuro da revista portuguesa , mas que, a mim, me não lembra outra coisa, lá isso!...

O futuro, já nem digo, mas também; agora, a origem, valha-me Deus!... Mas é a tal coisa que o povo diz e com razão "Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão"?!... Depois, levamos "Gato por lebre", é o que é!...

E se lessem primeiro umas coisitas do Theophilo e da Michaëlis antes de aparecerem por aí a defender umas teorias suprapalermóides?... Era bom, era! e todos ganhávamos com isso... mas, também, assim como assim, quem se importa verdadeiramente com tal ?... Necessário é vender uns programazitos e mais uns itos e ir aparecendo, mais bacorada menos bacorada, tanto dá, para quem é bacalhau basta... e também em país de cegos quem tem olho é rei e quem se mexe bem nos bastidores dos media é que dá cartas e o resto são conversetas acerca de uma coisa que se chama democracia , mas que se passou por este país foi há muito tempo e de corrida, provavelmente a fugir dessa cambada de néscios que orgulhosamente passeiam a ignorância, presumindo que o conhecimento é saber juntar duas letras e contar pelos dedos, que pouco mais sabe muito licenciado e upa upa de hoje em dia... Havia até aí um Homem que dizia que o indivíduo mais sábio que conheceu não sabia ler nem escrever... Como o compreendo!... Quanto mais não sabiam/sabem muitos dos denominados analfabetos do que muito menino e menina mestre, doutor e tal e tal... Mas, afinal, quem se rala com isso? Quem, neste país, se preocupa verdadeiramente com o estado da instrução e cultura, se é coisa que não dá carradas de euros nem fama nem algo, como acontece, por ex., com o chuto na bola???!!!... Sim, quem se rala?... Aqui para nós, que ninguém nos ouve, para além de mim, de si, caro leitor, e do Prof. Medina, que muito admiro, não conheço mais ninguém... até mesmo porque é tão mais fácil governar esta gente!...
Sim, por certo há uma conspiração! Sim, por certo há outras maneiras de adormecer a malta, para além das cocaínas...
Que querem? É o nosso Fado!... e o Fado é tão genuinamente português que o Fado da Amargura é mesmo inevitável nesta grande Revista Portuguesa que todos estamos a viver!...

terça-feira, setembro 21, 2010

VINDIMAS e "PARREIRINHAS"

I.P.

Em tempo de vindimas, relembremos o "Parreirinhas", um fado de Mª Nelson e de Casimiro Ramos, interpretado por Mavilda Gonçalves, a recordar-nos que o vinho mais do que "o prazer celta de beber e sonhar" significa ou, pelo menos, significava "a abundância de todo o ano, a riqueza para muitos e o conforto para todos"...

sábado, setembro 18, 2010

A canção das perdidas...



I.P.

...autorias???

... do Fado?!

Um breve por exemplo de duas dessas quadrinhas "das perdidas", que se cantam em Fado, porém desenquadradas deste contexto (se bem que não completamente) e autoria (completamente) e noutros integradas... Não sei se me faço entender...

Dos fados "Mª Madalena", por Lucília do Carmo e "A mais linda mulher", pelo Júlio Peres.

(A propósito, reparei que, num dos blogues sobre fado, que entendo aqui não dever nomear, vem erradamente indicado como sendo Carlos Zel o intérprete de "A mais linda Mulher", em vez de Júlio Peres, embora as vozes nem sejam confundíveis... enfim, numa confusão ou num erro, qualquer um tropeça e pode mesmo cair, mas que, depois de receber dois comentários de alerta, o autor não se tenha dado ao trabalho de proceder a verificação e emenda... Pois é, por estas e por outras...)

Perdidas, mas achadas!...

sexta-feira, setembro 17, 2010

"Lembrança é quase presença..."

Duas grandes interpretações de um mesmo fado "Vi-te há bocado", do repertório de BERTA CARDOSO, que não o gravou, nas vozes das veteranas Mª AMÉLIA PROENÇA e BEATRIZ DA CONCEIÇÃO, vulgo BIA.


Agora que, Graças a Deus, parece que a toda a gente já agrada o Fado, mesmo àqueles que há uns anos o desdenhavam ou parecia..., convém lembrar quem, em tempos difíceis, cultivou esta arte maior, mesmo que em tom menor; e, nesse grupo, por certo se incluem as fadistas que aqui lembro e também o artista plástico e poeta a quem se deve a letra, JORGE ROSA, e o músico e instrumentista, autor da música, ACÁCIO GOMES.








terça-feira, setembro 14, 2010

"CAVALINHOS"

"...Nosso amor há-de ir ao céu
Numa tipóia de praça
Puxada a dois cavalinhos"




Interpretado por Mª de Lourdes Machado, na Marcha do Marceneiro, este fado tem letra desse notável Homem de Letras que foi Norberto de Araújo

segunda-feira, setembro 13, 2010

Feira da Luz



I.P. 1922

Mais um documento para a validação da teoria da origem afro-brasileira do Fado, do ponto de vista de uma problemática inclusiva de uma etnografia contextualizante de uma super-estrutura melómana e lundúnica, assente numa perspectiva crítica da modernidade académica...

O Fado, a ceguinha e... o sexo dos anjos!... :-)

quarta-feira, agosto 25, 2010

"Cigarra e formiga"

Em Junho de 2008 editei este vídeo de homenagem a Natália dos Anjos, lembrando esta fadista maior da velha guarda com o fado "Cigarra e Formiga", cuja letra, de Linhares Barbosa, recria a conhecida fábula de Esopo que La Fontaine recontou...
A pedido de Luisa Notarangelo, editora deste blog , aqui fica a curiosa letra do fado, que desmente essa antiga e bizarra lenda da cigarra cantadeira e da afadigada, porém, impiedosa formiga "- Ah, cantaste? Então, agora, dança!..."
É que, afinal, também trabalha quem canta!...
Desminto uma lenda antiga
Muito velhinha e bizarra
Que conta que uma formiga
P'lo trabalho e p'la fadiga
É diferente da cigarra
*
Eu sou cigarra e formiga
Pois vivo desta maneira
Sou modesta rapariga
De noite boto cantiga
De dia sou vendedeira
*
Não faço aquela algazarra
Duma cigarra no prado
Canto ao som duma guitarra
De dia ninguém me agarra
Em qualquer sítio de fado
*
Como o trabalho me anima
E me dá pão e me alegra
E a freguesia me estima
Não canto nem uma rima
Quando sou formiga negra
*
Sou cigarra e sou formiga
E a tudo isto eu acho graça
Nem consinto que se diga
Mal de qualquer rapariga
Que ganha a vida na praça.

domingo, agosto 22, 2010

OS NOSSOS FA(R)DOS

Uma fantasticogenial produção Mandala... (que era o que muitos mereciam, era!...)

Continuem a mandar assim, que nem todos podemos mandá-los desta maneira...

E não, Xoné, essoutro "Fados" nada tem a ver com este e já repetidamente expliquei que não é produção Mandaura... Apre!

Este, sim! Mandá-la ouver!...

domingo, agosto 15, 2010

segunda-feira, agosto 09, 2010

FadoLaFéria em férias

Um espectáculo espectaculoso, desses que o La Féria sabe fazer e a que nos habituou. "Muita parra, pouca uva", um espelho deste tempo que mais valoriza o parecer que o ser... Ostentoso que baste, nos cenários, guarda-roupa, luz, som, nem esquecendo esculturais bailarinos e figurantes... Interessante, de facto! Mas que revisite "a história do Fado Português", como se anuncia... nem por lá passa! Nesse pequeno pormenor ou pormaior, como queiram, é um falhanço tão grandioso quanto pomposo é o espectáculo... já nem querendo referir alguns quadros de gosto duvidoso, não poderei deixar de lamentar o logro da "reconstituição" histórica anunciada e apresentada que, afinal, mais não será do que "a história do fado segundo La Féria" que, diria eu, não está mal de todo, não senhor, até fala da Severa, da Cesária, do Marceneiro, também do Farinha e do Carlos Ramos e nem esquece o Maurício, nem mesmo a Mª Teresa de Noronha e, vejam lá, até homenageia o Ary e o Carlos do Carmo e nem Hermínia, nem a Amália foram esquecidas, mas que hei-de fazer?, acho que lhe falta tudo, falta-lhe o substrato!...

Vão ver! Depois falamos...

domingo, agosto 01, 2010

As TIAS

A "TIA", essa instituição nacional que o fado também celebra...

"TIA MACHETA"
letra de Linhares Barbosa, música de Manuel Soares, do repertório de Berta Cardoso, interpretado pela própria

"TIA DOLORES"

letra de Linhares Barbosa, música de José António Sabrosa, do repertório de Lucília do Carmo, interpretado pela própria


"TIA ANICA"

letra de Francisco Radamanto, música de Acácio Gomes, criação de Florinda Maria, interpretado por Anita Guerreiro

P'ra quando o Dia da Tia? não fora a cacofonia!... :-)

segunda-feira, julho 12, 2010

BERTA CARDOSO


Faz hoje 13 anos que Berta Cardoso partiu.

Idolatrada, durante décadas, por um público tão exigente quanto conhecedor de Fado, reconhecida pelos seus pares como "a maior" e indestronável, requerida por poetas e compositores que ansiavam o êxito dos seus fados que aquela "voz d'oiro" lhes traria, Berta Cardoso, que foi uma das primeiras grandes embaixadoras do Fado, que divulgou, nos anos 30 e 40, pela Europa, África e América, nomeadamente no Brasil onde obteve estrondosos êxitos, nunca obteve das Instituições o reconhecimento que lhe era / é devido, como já em 1967 muito bem se assinalava...

Dessa Severa do séc XX, melhor fala o seu legado do que tudo o que alguém possa dizer...

Obrigada, Berta!

sexta-feira, julho 09, 2010

Em Hollywood canta-se o Fado ?!

Seria, em 1954, o sonho de Serapião Tristão que o imaginava na voz da bela Cyd Charisse... Pudera não!...
Mas, como dizia o gordo taberneiro "Quem não sabe beber vinho não entra em tabernas"...

domingo, julho 04, 2010

Ronda do Fado - Alfama (II)


SR.FADO - R. dos Remédios, 176

BELA - R. dos Remédios, 190


LANTERNA VERDE - R. S. João da Praça, 45





GUITARRAS DE LISBOA - Beco do Melo, 1



MESA DE FRADES - Restaurante do Museu do Fado

A TASCA DO CHICO - R. dos Remédios, 83



CASA DE LINHARES / BACALHAU DE MOLHO - Beco dos Armazéns do Linho,2


MARQUÊS DA SÉ - Lg. Marquês do Lavradio, 1


CLUBE DE FADO - R. S. João da Praça, 94


PÁTEO DE ALFAMA - R. S. João da Praça, 18



A BAIUCA - R. de S. Miguel, 20



GSA - R. Norberto Araújo, 19 A
***


ALFAMA tem mais en canto na mágica voz de Amália, letra de Ary dos Santos, música de A. Oulman, um vídeo de MadameBateflay.
*
Mas Alfama também en canta nas vozes de


- Diamantina e Gonçalo Salgueiro
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- Mariza


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- Vânia Fernandes

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- Ricardo Ribeiro