sábado, outubro 08, 2005

Soneto Presente

Não me digam mais nada senão morro
aqui neste lugar dentro de mim
a terra de onde venho é onde moro
o lugar de que sou é estar aqui.

Não me digam mais nada senão falo
e eu não posso dizer eu estou de pé.
De pé como um poeta ou um cavalo
de pé como quem deve estar quem é.

Aqui ninguém me diz quando me vendo
a não ser os que eu amo os que eu entendo
os que podem ser tanto como eu.

Aqui ninguém me põe a pata em cima
porque é de baixo que me vem acima
a força do lugar que fôr o meu.

J.C.Ary dos Santos

1 comentário:

Anónimo disse...

Curiosa coincidencia...este poema faz parte do meu reportorio, musicado por Nuno Nazareth Fernades, originalmente cantado por Maria Armanda, editado num LP dos anos 70, intitulado Pão Caseiro. Foi o unico 'fado' (musicado) que "roubei" desse disco para o meu reportorio...
Valeria Mendez