Rev. Plateia, Out. 1969
Carlos Conde, reconhecidamente um dos grandes poetas de fado, assim presta homenagem a Berta Cardoso "... Nome grande do passado/...De quando o fado era fado." Para quem souber ler (também nas entrelinhas), as palavras do poeta dizem tudo aquilo que eu, de certo, não saberia dizer tão bem. Contudo, permito-me, já agora, fazer unicamente o seguinte comentário: pode parecer que Berta Cardoso, a quem o poeta se refere como "Nome grande do passado", seja fadista muito mais antiga do que outras, como por exemplo Hermínia ou Amália. De facto, e de acordo com biografias que consultei, das três, Hermínia é a mais velha - n. 1907, Berta nasce em 1911 e Amália em 1920. Berta e Amália têm somente 9 anos de diferença. No entanto, quando em 1939, com 19 anos, Amália se estreia como fadista no Retiro da Severa, já Berta Cardoso, que então contava 28 anos e se estreara com 16 anos (1927), no Salão Artístico de Fados, era um nome consagrado, "A Loucura dos Fadistas"; assim, em 1939, quando Amália se estreia, já Berta Cardoso vai ao Brasil pela 2ª vez, sendo mesmo considerada pela imprensa "a figura máxima da canção nacional". Hermínia só terá começado a cantar em 1929, portanto com 22 anos, mas em 1939 já contava com diversas participações em operetas e revistas, e era já também um nome respeitado e de culto a nível da Canção Nacional.
É, portanto, errada a ideia de ser Berta Cardoso a mais velha destas três grandes senhoras do fado; Hermínia Silva é, de facto, a mais velha; contudo, das três, Berta Cardoso é a mais antiga na carreira, uma vez que se apresentou a cantar com apenas 16 anos, embora oficialmente só em 1930, com 19 anos, exactamente com a idade com que Amália se haveria de estrear; ora, com 19 anos, já Berta Cardoso era primeira página da revista da especialidade - Guitarra de Portugal - que assim a apresenta: " No meio fadista, que conta tantos e tão bons elementos, Berta Cardoso chegou, cantou e venceu." Porém, das três, continua a ser a única a quem o país ainda não prestou qualquer homenagem...
Eu presto-lhe a homenagem possível em www.bertacardoso.com
2 comentários:
Subscrevo as suas palavras, concernentes à pouca divulgação que teve B.Cardoso. Mas , Hoje, vai me perdoar, só penso em AMALIA. E tal como ela um dia pediu, choro de saudade...Ouço neste momento o belissmo poema de Pierre Cour, "La ville s´´eveille", com musica de Alberto Janes. Fantástica Amália!
Valeria Mendez
Como já disse algures aqui na blogosfera não sou grande apreciadora de fado, ou não fosse eu tripeira...mas penso ter conhecido Berta Cardoso numa casa de fado na R. das Taipas, em Lisboa, estarei enganada? conheci muito bem Jorge Rosa, que tb andava por aqueles sítios e lhe fez a caricatura. Eu vivi na calç. da Patriarcal. Concordo consigo em relação á boa qualidade dos nossos blogs...lol, abraço, th
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