sexta-feira, outubro 28, 2005
ALFAMA NÃO CHEIRA A FADO...
Alfama, por Francisco Smith (1881-1961)
óleo sobre tela
QUANDO LISBOA ANOITECE
COMO UM VELEIRO SEM VELAS
ALFAMA TODA PARECE
UMA CASA SEM JANELAS
AONDE O POVO ARREFECE.
É NUMA ÁGUA FURTADA
NO ESPAÇO ROUBADO À MÁGOA
QUE ALFAMA FICA FECHADA
EM QUATRO PAREDES DE ÁGUA
QUATRO PAREDES DE PRANTO
QUATRO MUROS DE ANSIEDADE
QUE À NOITE FAZEM O CANTO
QUE SE ACENDE NA CIDADE
FECHADA EM SEU DESENCANTO
ALFAMA CHEIRA A SAUDADE.
ALFAMA NÃO CHEIRA A FADO
CHEIRA A POVO, A SOLIDÃO
A SILÊNCIO MAGOADO
SABE A TRISTEZA COM PÃO
ALFAMA NÃO CHEIRA A FADO
MAS NÃO TEM OUTRA CANÇÃO.
J.C. Ary dos Santos (1937-1984)
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