EDUCAÇÃO SENTIMENTAL
Na janela mais alta de Lisboa,
és a ave chamada Todavia:
a que posta no céu não se desvia,
mas que perto do rio já não voa...
Hei-de ensinar-te, devagar (perdoa!),
a pressa com que Amor se pronuncia
e a conjugares a noite com o dia
quando o corpo do corpo se condoa...
Fecha os olhos, e voa! Mas não queiras
ao inferno do céu traçar fronteiras
nem ao céu do inferno pôr limites:
voar só vale a pena enquanto for
uma forma de amar além do amor,
furor que todavia não habites...
David Mourão-Ferreira é um dos meus poetas de eleição. A antologia poética As Lições do Fogo
é, para mim, desde há muitos anos, um dos meus livros de cabeceira. Como eu gostava de saber escrever assim!...
Óptima semana para todos.
3 comentários:
Tenho lido o seu blog.Sempre com um português correctissímo.Imagino que tem formação superior.Nota-se!
O tema do fado,das touradas e, tanta vezes, dos gatinhos é frequentemente tratado com propriedade.
Porém, é pena verificar que,alguns energúmenos,venham fazer a apologia do fascismo de forma recidiva.
Minhas Senhoras e meus Senhores,se não sabem, deveriam saber, que o FADO, OS TOIROS, não devem a sua autoria a qualquer ideologia politica.São do POVOOOOOOO.
Quem gosta do fado,mesmo que seja pessoa reaccionária, deve ouvi-lo e, principalmente, senti-lo.
Depois...não misture o lindo com o feio.
E a Senhora que tão bem escreve sobre estas artes, que se vê que é,no meu modesto entender,talvez a pessoa que mais sabe do fado,não aceite sem crítica essas alusões ao fascismo .Era bonito se assim fosse. Veremos...
Antes de comentar o seu post, carissima editora deste blog, devo referir alguns pontos a proposito do comentário anterior.
Vamos lá a ver se nos entendemos:
Uma 'coisa' que é do POVO não quer dizer necessáriamente que seja positiva.As lutas de gladiadores até à morte, do Imperio Romano eram muito populares, mas felizmente que o Homem evoluiu e hoje não permite que essa barbaridade continue. As Tradições não devem ser mantidas só porque o são. Senão, ainda hoje, teriamos os pais a combinarem os casamento dos filhos, os homens a 'lavarem a sua honra' com sangue, etc, etc...
Eu sou fadista. Uma obscura fadista insular.Poém , com carteira profissional. E lá porque amo o Fado, não sou obrigada a gostar de Touradas( nem do Fado que as exalta!). Aliás, detesto-as. Acho-as uma reminiscencia do pior que há no ser humano, pois é inadmissivel que um homem se aproveite do sofrimento dum ser vivo,para divertimento proprio.Dirão os detractores desta minha ideia que, também se matam animais para comer. Sim, é verdade.Mas, trata-se da sobrevivencia humana, mas o Homem ,tem o dever de minorar o mais possivel o sofrimento desses animais abatidos para consumo( nos países nordicos, por exemplo, os matadouros são inspeccionados a fim de se verificar que o sofrimento seja o menor possivel).
Eu, pessoalmente, não como carne, mas isso é opção minha, nada mais. Acho que o Homem acabará por 'pagar a factura' pelo 'consumo' de sofrimento que dia após dia, nutre o seu corpo. Mas isso são outros quinhentos...Trata-se de orientações espirituais que não vêm aqui ao caso...
O que importa sublinhar, é que ligar o Fado à Tourada, é dum passadismo atroz, e duma cegueira tradicionalista que não faz sentido no sec.XXI.
Se a 'classificação' de 'energumeno' incluíu a minha pessoa( sou uma comentadora assidua deste blog!), devolvo à origem, o piropo...
Regressando ao post, devo dizer-lhe,cara amiga, que conheci pessoalemte David Mourão ferreira, e cheguei mesmo a gravar um poema dele, escolhido por ele, numa noite de tertulia em casa da D.Amália. Belos tempos!
Também comungo o seu entusiasmo literário em relação a este grande vulto das letras portuguesas do sec.XX.
Um abraço
Valeria Mendez, do blog
www.fadista-valeria-mendez.weblog.com.pt
Dona Valéria:
Obviamente que a referência ao fascismo nada tinha a ver com a Senhora.Quanto aos touros, acho a sua critica muito elucidativa e construtiva.Sei que é uma Senhora e fique muito claro que não se encontra no elenco dos tais energúmenos.
Cumprimentos
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