Consultando as grandes dos jornais diários, logo me apercebi que o governo está a fazer um esforço imenso para poupar e, desse modo, favorecer todos nós, o que desde já agradeço. De resto, esta tem vindo a ser uma manifesta preocupação de todos os governos aos quais, por isso, não se tem convenientemente agradecido. Desta vez, o governo, ao aumentar a idade de reforma dos funcionários públicos, espera poupar 200 milhões em 4 anos. Muito bem. Diz o povo e, como sempre, com toda a razão, que o trabalho dá saúde e, deste modo, junta o governo, de um modo inteligente, o útil ao agradável - não só obsta a um empobrecimento maior do país pagando chorudas reformas a preguiçosos que nunca fizeram nada e estão ainda muito a tempo de fazer alguma coisa, como também promove a saúde dos idosos que, deste modo, ficarão muito mais saudáveis e, por isso, recorrerão muito menos aos serviços de saúde, o que resulta também em enorme poupança nacional... o único problema que vejo nisto tudo é o facto de, como patrão, o estado, com esta determinação, estar a desrespeitar o contrato que estabeleceu com os seus empregados mais antigos, mas, enfim, se é para bem deles e, demais, para o bem do país, também que importância pode isso ter se a regra é não cumprir seja o que for e quem cumpre é até olhado de lado olhó parolo! A assim ser, já me vou preparando a partir de hoje para a grande maratona que me espera até aos 65, isto se entretanto não subirem a fasquia, para assim se poupar mais uns milhões...
No mesmo diário, o título da notícia àquela encostada informa que os partidos planeiam gastar mais de 100 milhões com as autárquicas, ou seja, num pequeno lapso de tempo, esta gente vai gastar (para quê? ) mais de metade do valor que os velhos durante quatro anos vão poupar para o governo. É verdade que poupar leva sempre muito mais tempo do que gastar e que é mais difícil mas isto não deve ter nada a ver uma coisa com outra, são sacos diferentes, países diferentes...
Também ao lado destas duas vem ainda outra notícia cujo título nos dá conta da intenção do primeiro-ministro-bombeiro em substituição de adquirir, para a época balnear, perdão, de fogos do ano que vem uma frota própria de aeronaves de combate aos incêndios florestais com o que, provavelmente, irá também antecipadamente gastar muito mais do que aquilo que os pobres FP ainda não terão tido, tão pouco, tempo de poupar para os cofres do estado. . . mas, claro, esta é uma questão que não interessa nada; com uma frota como a que teremos qual é a floresta já ardida, sim, que das outras, das verdes, já não há que dê para uma frota, mas perguntava eu retoricamente, com uma frota dessas que o sr. Antº Costa se prepara para comprar, qual será o incêndio que se atreverá sequer a deflagrar!? esta é manifestamente uma louvável e brilhante atitude de prevenção que de resto todos devíamos seguir, inclusive os proprietários florestais a quem o governo quer agora obrigar a limpar os terrenos em vez de os obrigar, a cada um deles, a comprar uma dessas aeronaves o que seria muito mais seguro e favoreceria o negócio das aeronaves e congéneres o que também é importante para o desenvolvimento da nação e sobretudo das contas bancárias de um punhado de amigos e residentes em Portugal... Pena que o Sr. Sampaio não tenha antes falado com o Sr. Costa e este o tivesse informado dos benefícios da aquisição de aeronaves ao invés dessa coisa antiga que é limpar a floresta e dá muito trabalho que podia até ser feito pelo exército e pelos presos, duas espécies que os cidadãos sustentam sabem lá bem para quê... E já agora, quero eu apontar outra vantagem das aeronaves - acabam de vez com os incendiários, isto para quem ainda acredita em incendiários, já se vê que presentemente são um bocado como as bruxas, há quem não acredite neles, mas que os há, há... embora os fogos que provoquem sejam dos mais pequenininhos, claro, segundo diz o pessoal entendido, os grandes fogos são motivados por grandes paixões, perdão, detonações tipo máquinas de lavoura adragonadas que andam onde não devem a lançar faíscas em terrenos não limpos tão simples quanto isso - quem ficou sem nada, ou seja, sem teres e haveres, com uma mão atrás e outra à frente, esses é que são os verdadeiros culpados da sua deles desgraça que, primeiro, tinham uma floresta desadequada e que não interessava nada e facilitava o avanço dos fogos e demais não limpavam os terrenos cujos, antes dos incêndios, foram todos devidamente observados por funcionários do governo que então até avisaram as pessoas do perigo que corriam mas elas nada, não se ralaram e depois toma...
É bom começar as manhãs ajuizando quão nosso amigo é o governo e como se preocupa com o bem estar de todos os portugueses!...
Obrigada pelo serviço que nos têm prestado e terão ainda oportunidade de prestar, pelo menos até aos 65 anos e continuem a dar-nos exemplos de poupança nacional porque o exemplo vem de cima, não das aeronaves mas precisamente dos que estão no topo da hierarquia do estado e é bom verificar que aqui em baixo não estamos sós a apertar o cinto -vocês, coitados, já nem têm mais furos para alargar o cinto e nós, comilões, já não temos mais furos para o apertar... o que, bem vistas as coisas, dá no mesmo, num sentido ou noutro, o que já não temos é mais cinta, digo, furos!...
2 comentários:
muito bem dizido... eu cá já nem tenho cinto quanto mais furos
Eu não diria melhor e para os apreciar nada melhor do que a ironia...
porque são todos, mas todos, sempre mais do(s) mesmo(s)...
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