Por muito que queira colaborar e ser simpática e escrever qualquer coisa linda a propósito e neste dia mundial da criança, a criança que (ainda) há em mim não deixa...
Durante 364 dias lemos, ouvimos e vemos horrores cometidos contra as crianças e assistimos, incrédulos, à impunidade dos agressores... A impotência que enfrentamos, então, corrói-nos a alma e tentamos esquecer as imagens mais cruéis, os casos mais aberrantes, antes que a realidade dê cabo de nós...
De súbito, no tricentésimo sexagésimo quinto dia (ou sexto, se for ano bissexto), com aquela mesma dose de hipocrisia com que continuamos a alimentar os drogados ( mas com metadona, o que faz toda a diferença), vamos comemorar o dia MUNDIAL da criança, com muitos e variados eventos e os indispensáveis discursos de cujos textos já se adivinha o conteúdo. E, neste mesmo dia, em imensos sítios do globo, continuará a haver crianças em sofrimento, para as quais nunca nascerá tão pouco o dia que seja seu...
São essas as crianças que quero HOJE aqui lembrar: todas as crianças que passam fome, as que sofrem abusos sexuais, as que são fisicamente maltratadas, as que são desamadas...
E quero aqui deixar registada a minha mais profunda mágoa pelo facto de, efectivamente, pouco ou nada poder valer-lhes...
Tenho muita vergonha por esta realidade, mas tenho esperança que, um dia destes, todos fiquemos mais espertos e consigamos resolver este problema dramático das crianças em sofrimento que, inclusivamente, condiciona e determina o futuro da nossa espécie.
1 comentário:
Faço minhas as suas palavras...
As crianças são lindas (e até mesmo reguilas), mas o que mais me assusta no meu dia a dia é o amor incondicional que elas conseguem ter pelos que as rodeiam... mesmo que, sem que elas tenham a capacidade para o perceber, esse amor não seja correspondido...o mais horrorizante é que, por vezes, quem pior lhes faz é mesmo em quem mais elas confiam: os próprios pais...
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