Este fado, posteriormente intitulado Perna de Pau, é da autoria de Amadeu do Vale e de Raul Portela. Foi uma criação de Berta Cardoso na revista "Olaré, Quem Brinca".
domingo, abril 29, 2007
Amor é água que corre - A.MARCENEIRO
Um fado da autoria de A. César Barbosa e de A.Duarte.
À guitarra J. Pracana e Fontes Rocha e à viola F. Peres (Paquito).
E, não se esqueçam: Amor também pode ser "um fogo que arde sem se ver"... Pois é, "se tão contrário a si é o mesmo Amor" como não há-de o Amor ser ComTradição?!...
sábado, abril 28, 2007
VOLTA - BERTA CARDOSO
Agradeço a Rogério Santos, editor do site www.industrias-culturais.blogspot.com/, ter visionado a sessão de encerramento da exposição sobre Berta Cardoso, que decorreu, em 21 Out.2006, no Museu do Fado.
Este fado - VOLTA - da autoria de Frederico de Brito e de Raul Pinto, foi um dos êxitos de Berta Cardoso, nos anos (19)30, aqui sendo reproduzida em gravação da época. Uma raridade!
quarta-feira, abril 25, 2007
"O Fado é uma canção livre"...
Assim é, de facto. O fado, canção urbana e popular por excelência, resistiu durante décadas trocando as voltas à Censura... Era a canção que, ao povo, dava voz. Paradoxalmente, após o 25 de Abril, o Fado viveu alguns dos seus piores momentos e, quando digo Fado, nele incluo fadistas, compositores e todos os amantes de fado. Porém, resistiu e os seus detractores de então renderam-se à inevitabilidade da sua imprescindível existência. Presentemente, é a bandeira da nossa Portugalidade, a manifestação cultural proposta à UNESCO como Património Imaterial da Humanidade.
Hoje celebramos, em Liberdade, a Liberdade que, institucionalmente, resgatámos há 33 anos, através de um golpe de estado que ficou conhecido como a Revolução dos Cravos.
Grândola Vila Morena é um dos temas emblemáticos dessa Revolução. Da autoria de Zeca Afonso, aqui o têm na voz fadista de Maria da Fé.
sábado, abril 21, 2007
GUITARRA DE BEIJOS
O fado pode cantar-se acompanhado ao piano, acordeon, saxofone, com orquestra ou como quiserem... mas parece-me que o instrumento próprio do fado, o que melhor define a sua individualidade é, sem dúvida, a guitarra portuguesa, instrumento com o qual a mítica Severa se fazia acompanhar quando cantava o fado.
Esta associação de um instrumento próprio a certo tipo de canção não nos parece redutor, como alguns sustentam, nem é, de resto, único - ao flamenco associa-se a guitarra espanhola, ao tango argentino o bandoneon, à musette o acordeon...
Para ser fado, tem que haver uma guitarra a trinar...
Mas também pode ser uma Guitarra de beijos
Numa guitarra de beijos
Fui fadista, improvisei
As canções que ando a cantar.
Saudades feitas arpejos
Do fado a que me entreguei
Para o servir e amar.
Misturei-me com tunantes,
Pus a decência de lado,
E fiz das esquinas mirantes
De onde vi passar o fado.
Paira um perfume de vielas
No seu cabelo a brilhar,
Eu cheiro a sonho e a luar
E nos meus olhos há estrelas.
... ... ... ...
Júlio de Sousa
(Foto de Berta Cardoso, 1970)
Fui fadista, improvisei
As canções que ando a cantar.
Saudades feitas arpejos
Do fado a que me entreguei
Para o servir e amar.
Misturei-me com tunantes,
Pus a decência de lado,
E fiz das esquinas mirantes
De onde vi passar o fado.
Paira um perfume de vielas
No seu cabelo a brilhar,
Eu cheiro a sonho e a luar
E nos meus olhos há estrelas.
... ... ... ...
Júlio de Sousa
(Foto de Berta Cardoso, 1970)
segunda-feira, abril 16, 2007
Dia Mundial da VOZ
Uma VOZ singular, que ficou conhecida como a "A Voz de Oiro do Fado".
"Uma voz de oiro, que encanta, que faz vibrar e nos dá em melodias sem par toda a beleza da canção portuguesa. Sentimento e expressão, limpidez e ternura - tal é a voz de Berta Cardoso, que canta o fado sem fatalismos nem desgraças, tornando-a uma canção de harmonia e beleza dominadoras."
Uma Voz de oiro que foi a Alma do Fado- BERTA CARDOSO.
Para ouvir essa Voz e saber mais acerca desse nome maior do Fado, aceda ao site www.bertacardoso.com
domingo, abril 15, 2007
As Bordadoras
Imagem retirada de http://www.madeiraislands.travel/pls/madeira/wsmwhom0.home
Porque hoje é Domingo, o tema do meu post volta a ser a Ilha da Madeira, aqui lembrada através da magnífica canção "As Bordadeiras", interpretada por Max, como só ele o sabia fazer.
Esta "jóia" da canção nacional deve-se à inspirada co-autoria protagonizada pelo próprio Maximiano de Sousa, por Fernando Carvalho e Nelson de Barros.
Minha Madeira, ó meu encanto!
P'ra te cantar, eu sou profano
Jóia que Deus, num dia santo,
Deixou cair no oceano.
Como tu, não há nenhuma
E, nas noites sonhadoras,
Bordam das ondas a espuma
Os dedos das bordadoras.
Porque hoje é Domingo, o tema do meu post volta a ser a Ilha da Madeira, aqui lembrada através da magnífica canção "As Bordadeiras", interpretada por Max, como só ele o sabia fazer.
Esta "jóia" da canção nacional deve-se à inspirada co-autoria protagonizada pelo próprio Maximiano de Sousa, por Fernando Carvalho e Nelson de Barros.
Minha Madeira, ó meu encanto!
P'ra te cantar, eu sou profano
Jóia que Deus, num dia santo,
Deixou cair no oceano.
Como tu, não há nenhuma
E, nas noites sonhadoras,
Bordam das ondas a espuma
Os dedos das bordadoras.
sábado, abril 14, 2007
APASSIONATA
sexta-feira, abril 13, 2007
INSULTO ou GOZAÇÃO ?
quinta-feira, abril 12, 2007
Mestre Sócrates
Assisti ontem, com alguma perplexidade, à "entrevista" do Sr. P.M., cujo objectivo era unicamente o de apurar se, de facto, Sócrates mentiu relativamente ao grau académico que declarou ter ou se, de algum modo, foi favorecido na obtenção do mesmo.
É espantoso que seja esta a questão crucial do momento, que traz os portugueses tão preocupados e que a oposição quis transformar na questão nacional, embora, claro está, esta demanda não seja despicienda...
À falta de produção de prova pela acusação, Mestre Sócrates provou à vontade a sua razão, que detém licenciatura em engenharia e um MBA, afirmando mesmo orgulhar-se do seu percurso académico.
Quem levantou esta lebre, acabou por não lhe acertar...
É que, para ser um caçador de sucesso, é necessário ter bons cães, boas armas, boa pontaria, ser mais astuto que a lebre e, principalmente, nascer para isso!
Quem levantou esta lebre, acabou por não lhe acertar...
É que, para ser um caçador de sucesso, é necessário ter bons cães, boas armas, boa pontaria, ser mais astuto que a lebre e, principalmente, nascer para isso!
Parece-me de toda a justiça que se reconheça a sageza do Engº Sócrates que, a tempo, percebeu não ter nascido para ser mais um vulgar engenheiro civil, mas sim um talentoso político.
Outros há que estão convencidos que nasceram para ser políticos, mas, quem sabe ?, não seriam brilhantes engenheiros...
É que, meus senhores, como dizia o grande Armando Neves numa letra que escreveu para o repertório de Berta Cardoso,
É que, meus senhores, como dizia o grande Armando Neves numa letra que escreveu para o repertório de Berta Cardoso,
Cada qual é para o que nasce
Moravam, por sinal, no mesmo prédio,
um na mansarda, outro no rés-do-chão,
certo senhor doutor corado e nédio
e um sapateiro magro como um cão...
O doutor em Direito era formado;
porém, não era nada inteligente.
Cansava-se de esp'rar este advogado:
-não lhe batia à porta um só cliente !
Bastante inteligente, o sapateiro,
mas muito mau no ofício, por azar,
também levava a esp'rar o dia inteiro:
-nem meias-solas tinha p'ra deitar!
Um dia, o advogado, em voz chorosa,
ao sapateiro expôs suas razões...
Tiveram uma ideia luminosa
e trocaram, então, as profissões.
Com muitas encomendas de calçado,
fez-se o advogado artista de sovela,
- enquanto o sapateiro, em advogado,
suava p'r'atender a clientela!...
Tem esta breve história uma moral:
com ela uma lição talvez se deu...
- Pois cá por este mundo, cada qual
muitas vezes não é p'r'ó que nasceu!
um na mansarda, outro no rés-do-chão,
certo senhor doutor corado e nédio
e um sapateiro magro como um cão...
O doutor em Direito era formado;
porém, não era nada inteligente.
Cansava-se de esp'rar este advogado:
-não lhe batia à porta um só cliente !
Bastante inteligente, o sapateiro,
mas muito mau no ofício, por azar,
também levava a esp'rar o dia inteiro:
-nem meias-solas tinha p'ra deitar!
Um dia, o advogado, em voz chorosa,
ao sapateiro expôs suas razões...
Tiveram uma ideia luminosa
e trocaram, então, as profissões.
Com muitas encomendas de calçado,
fez-se o advogado artista de sovela,
- enquanto o sapateiro, em advogado,
suava p'r'atender a clientela!...
Tem esta breve história uma moral:
com ela uma lição talvez se deu...
- Pois cá por este mundo, cada qual
muitas vezes não é p'r'ó que nasceu!
terça-feira, abril 10, 2007
Ilha de encanto e beleza
FUNCHAL - Imagem retirada de
Quando te deixei, Madeira
Eu trouxe como bagagem
Saudades p'rá vida inteira
E um beijo teu p'rá viagem
Agora moro ao abrigo
Desta Lisboa encantada
Que, quando sonho contigo,
Parece cantar comigo
Esta canção magoada
Minha Madeira querida
Tão pequenina e garrida
Cheia de luz e de cor
Ilha de encanto e beleza
Linda terra portuguesa
Por quem quis ser trovador
Minha Madeira velhinha
És um ninho de andorinha
Vogando no mar sem fim
No meu cantar de saudade
Eu peço a Deus que te guarde
Inteirinha para mim.
Desculpem-me a liberdade do sublinhado, mas acho que, quanto mais não fosse, só a imagem contida nesses dois versos valem o poema.
Difícil é escrever coisas simples!... Complexa é a Simplicidade!...
http://www.pbase.com/image/36789275
A minha cyberamiga, amaliana, docente e fadista Valéria Mendez, editora do blog http://www.fadista-valeria-mendez.weblog.com.pt/ encontra-se, há algum tempo, no Continente e, como é de calcular, cheiinha de saudades da sua querida Madeira, motivo bastante para aqui recordar, mesmo sem som, a acariciante voz de Maximiano de Sousa, que ficou conhecido por Max, e o tema Ilha da Madeira, da autoria de Artur Ribeiro e de Mário Gonçalves Teixeira.
A minha cyberamiga, amaliana, docente e fadista Valéria Mendez, editora do blog http://www.fadista-valeria-mendez.weblog.com.pt/ encontra-se, há algum tempo, no Continente e, como é de calcular, cheiinha de saudades da sua querida Madeira, motivo bastante para aqui recordar, mesmo sem som, a acariciante voz de Maximiano de Sousa, que ficou conhecido por Max, e o tema Ilha da Madeira, da autoria de Artur Ribeiro e de Mário Gonçalves Teixeira.
Quando te deixei, Madeira
Eu trouxe como bagagem
Saudades p'rá vida inteira
E um beijo teu p'rá viagem
Agora moro ao abrigo
Desta Lisboa encantada
Que, quando sonho contigo,
Parece cantar comigo
Esta canção magoada
Minha Madeira querida
Tão pequenina e garrida
Cheia de luz e de cor
Ilha de encanto e beleza
Linda terra portuguesa
Por quem quis ser trovador
Minha Madeira velhinha
És um ninho de andorinha
Vogando no mar sem fim
No meu cantar de saudade
Eu peço a Deus que te guarde
Inteirinha para mim.
Desculpem-me a liberdade do sublinhado, mas acho que, quanto mais não fosse, só a imagem contida nesses dois versos valem o poema.
Difícil é escrever coisas simples!... Complexa é a Simplicidade!...
segunda-feira, abril 09, 2007
Janelas enfeitadas
Parabéns, Flora Pereira! Que continue a cantar tão bem como sempre cantou, ainda durante muitos anos. Em sua homenagem, relembro aqui este fado, que foi uma das suas criações, com letra de Linhares Barbosa e música de Casimiro Ramos.
Não sabes porque enfeito estas janelas?
Enfeito-as só por ti, fica sabendo
Os olhos desta casa são só elas
Quero que elas sorriam em te vendo
Os laços cor-de-rosa, nas cortinas,
Craveiros, em dois vasos, encarnados
Canta um canário, a horas matutinas,
Uma canção de beijos repicados
As grades, nas janelas, torna-as feias
Nem mesmo requintadas tabuínhas
Janelas dessas lembram as cadeias
Quero que o sol e a lua entrem nas minhas
Quero poder mostrar-te, quando passas
Gradeamentos são para os escravos
Por isso é que eu enfeito estas vidraças
Por ti é que eu cultivo rubros cravos.
Não sabes porque enfeito estas janelas?
Enfeito-as só por ti, fica sabendo
Os olhos desta casa são só elas
Quero que elas sorriam em te vendo
Os laços cor-de-rosa, nas cortinas,
Craveiros, em dois vasos, encarnados
Canta um canário, a horas matutinas,
Uma canção de beijos repicados
As grades, nas janelas, torna-as feias
Nem mesmo requintadas tabuínhas
Janelas dessas lembram as cadeias
Quero que o sol e a lua entrem nas minhas
Quero poder mostrar-te, quando passas
Gradeamentos são para os escravos
Por isso é que eu enfeito estas vidraças
Por ti é que eu cultivo rubros cravos.
Tenha um bom dia e até logo, nos fados!
sábado, abril 07, 2007
DIA DE PÁSCOA
É difícil encontrar algum tema que não tenha sido registado em uma letra de Fado. Nisto reside também a riqueza e a grandeza deste cantar português, que o povo estima e cultiva e que faz parte do nosso Património Cultural, orgulho de todos os Portugueses.
A todos desejando uma Santa Páscoa, partilho convosco este fado alusivo ao dia de hoje.
(letra e música - D.P.; intérprete- Frutuoso França)
Esta história passou-se entre crianças
No Rossio, ali perto ao Monumento
Esvoaçavam alegres pombas mansas
E um velhinho oferecia-lhes alimento
Era dia de Páscoa e muita gente
Se juntou para ver o bom velhinho
Enquanto uma menina, meigamente
Dava amêndoas a um pobre rapazinho
O pai, que estava ao pé, indagar quis
Vendo o gesto da filha, humana e boa
E perguntou: -Conheces o petiz?
- Eu não, querido paizinho, mas perdoa
Vi-o tão pobrezinho, com atenção
Vendo as pombas comerem, coitadinho
Notei que tinha fome e dei-lhe então
Minhas amêndoas todas, meu paizinho
O pai diz-lhe: -Só quero abençoar-te
Pela tua nobre acção de humanidade
Bendito seja sempre quem reparte
Pelos pobres a santa caridade.
Esta história passou-se entre crianças
No Rossio, ali perto ao Monumento
Esvoaçavam alegres pombas mansas
E um velhinho oferecia-lhes alimento
Era dia de Páscoa e muita gente
Se juntou para ver o bom velhinho
Enquanto uma menina, meigamente
Dava amêndoas a um pobre rapazinho
O pai, que estava ao pé, indagar quis
Vendo o gesto da filha, humana e boa
E perguntou: -Conheces o petiz?
- Eu não, querido paizinho, mas perdoa
Vi-o tão pobrezinho, com atenção
Vendo as pombas comerem, coitadinho
Notei que tinha fome e dei-lhe então
Minhas amêndoas todas, meu paizinho
O pai diz-lhe: -Só quero abençoar-te
Pela tua nobre acção de humanidade
Bendito seja sempre quem reparte
Pelos pobres a santa caridade.
FADO no CASINO ESTORIL
Efeméride.
Parece-me absolutamente justo que, desta ou de outra maneira, se lembre o nome e preste homenagem ao grande fadista que foi e é Carlos Zel, que prematuramente nos deixou. Por ele, e também para ouvir alguns dos fadistas anunciados, lá fui à Gala, bem sabendo que não seria uma noite de fados, nem do mais típico nem do mais tradicional...
Ora anotem- iniciou-se a noite com um bem português Welcome Drink no Du Arte Lounge ao mesmo tempo que no átrio, que serve este espaço e o acesso ao Salão P. eP., funcionários da imprensa se atarefavam em registar os primeiros momentos altos da noite: a chegada dos trabalhadores da empresa Jet 7, liderados pelo assessor principal Botox e respectiva Lady Whatever. Foi um momento very special este em que esses reconhecidos amantes de fado e estúrdia emprestaram as suas imagens às objectivas dos repórteres, assim simbolizando o povão presente em todos e em cada um de nós. Seguiu-se o jantar, servido no Salão Preto e Prata, cuja ementa só pecou por ser tão genuinamente portuguesa: canoa de papaia com camarões mar(in)ados ; creme aveludado de espargos frescos; naco de vitela grelhado com emulsão de poejos; bolo de amêndoa e gila com leque de abacaxi... francamente! é sempre a mesma coisa. Fartos de papaia e abacaxis andamos nós e de camarões e de emulsões, nem se fala! doces conventuais, então, é demais e com leque por causa dos calores... para esquecer. Não se lembraram de apresentar uma ementa mais original e europeísta, tipo pastelinhos de bacalhau à espanhola para começar o despique, um caldo verde francês para fazer cama a um very british patinho no forno a desgarrar com uns grelinhos cozidos e um puré de batata e depois um toucinho do céu holandês, tudo regado pelos vinhos além-tejanos que até não estavam mal escolhidos... Enfim, não me consultam, é o que dá... De realçar que o repasto foi acompanhado por música de fundo, primeiro um par de acordeões a recordar a chanson de vaudeville do Bairro Alto, depois uma pianada Alfamada, por Mestre Gama e, finalmente, directamente da Móraria, o conjunto "Lusitânia Ensemble" (pois!...) a esgalhar um género fado-câmara...
Parece-me absolutamente justo que, desta ou de outra maneira, se lembre o nome e preste homenagem ao grande fadista que foi e é Carlos Zel, que prematuramente nos deixou. Por ele, e também para ouvir alguns dos fadistas anunciados, lá fui à Gala, bem sabendo que não seria uma noite de fados, nem do mais típico nem do mais tradicional...
Ora anotem- iniciou-se a noite com um bem português Welcome Drink no Du Arte Lounge ao mesmo tempo que no átrio, que serve este espaço e o acesso ao Salão P. eP., funcionários da imprensa se atarefavam em registar os primeiros momentos altos da noite: a chegada dos trabalhadores da empresa Jet 7, liderados pelo assessor principal Botox e respectiva Lady Whatever. Foi um momento very special este em que esses reconhecidos amantes de fado e estúrdia emprestaram as suas imagens às objectivas dos repórteres, assim simbolizando o povão presente em todos e em cada um de nós. Seguiu-se o jantar, servido no Salão Preto e Prata, cuja ementa só pecou por ser tão genuinamente portuguesa: canoa de papaia com camarões mar(in)ados ; creme aveludado de espargos frescos; naco de vitela grelhado com emulsão de poejos; bolo de amêndoa e gila com leque de abacaxi... francamente! é sempre a mesma coisa. Fartos de papaia e abacaxis andamos nós e de camarões e de emulsões, nem se fala! doces conventuais, então, é demais e com leque por causa dos calores... para esquecer. Não se lembraram de apresentar uma ementa mais original e europeísta, tipo pastelinhos de bacalhau à espanhola para começar o despique, um caldo verde francês para fazer cama a um very british patinho no forno a desgarrar com uns grelinhos cozidos e um puré de batata e depois um toucinho do céu holandês, tudo regado pelos vinhos além-tejanos que até não estavam mal escolhidos... Enfim, não me consultam, é o que dá... De realçar que o repasto foi acompanhado por música de fundo, primeiro um par de acordeões a recordar a chanson de vaudeville do Bairro Alto, depois uma pianada Alfamada, por Mestre Gama e, finalmente, directamente da Móraria, o conjunto "Lusitânia Ensemble" (pois!...) a esgalhar um género fado-câmara...
Depois vieram então os fados e os fadistas, todos eles trazidos pela mão simpática do apresentador e também cantador Miguel Sanches (ou será Sanchez?). Nada digno de registo, à excepção do som, que estava e se manteve péssimo toda a noite, e de duas particulares intervenções- a de M. C. du Carmo e a do cantador Rodrigo. O primeiro foi lá para fazer desde já a divulgação do seu próximo CD que, segundo o próprio, inclui poemas de grandes poetas portugueses, nomeadamente de Nuno Júdice, "actualmente um dos 5 melhores poetas mundiais" (C. du Carmo dixit); e depois, acrescentou, "não se queixem de que não há poetas a escrever para fado... ". Eu só quero perguntar: -Conhecem a obra do Júdice?
Ponto alto da noite foi, sim senhor, a actuação de Rodrigo. Brindou-nos com um fado tradicional a vestir o belo poema de Linhares Barbosa "É tão bom ser pequenino", fado que interpretou magistralmente e que dedicou a todos os poetas, músicos e amantes do fado.
Nunca se perde a noite quando, pelo menos, se ouve um fado que diz assim:
"É tão bom ser pequenino
Ter pai, ter mãe, ter avós
Ter esperança no Destino
E ter quem goste de nós"
D'accord?
sexta-feira, abril 06, 2007
FADO-SAURA
Imagem inédita do Documentário Fado, do português Saura e onde se podem ver, para além dos também portugueses Lila Downs, Caetano Veloso, Cesária Évora e Toni Garrido, a andaluza Mariza e o brasileiro do Carmo, ambos, como se verifica, em 1º plano e os restantes, portugueses, em 2º plano como é costume, com outros figurantes, i.é, FIGURÕES...
Olé Fado!... Arriba la Lolita!
P.S. Se quiserem o contacto do fadista Plácido Domingo, enviem-me um mail que eu de imediato o contactarei. Parece-me justo que ele entre também no filme e, que diacho!, o milhão de euros recebido deve dar ainda para pagar ao homem, ou não ?; Carlinhos, deixem de ser unhas de fome, vá lá! Por Deus! fazerem um filme sobre Fado sem esse fadista é loucura... Já bem basta terem-se esquecido de outros grandes nomes da canção nacional, não é?... Habilitam-se a que a UNESCO não deixe o Fado ser elevado a Património Imaterial da Humanidade e lá vai todo este vosso trabalhão e sacrifício por água abaixo. Sim, porque todos nós sabemos como a vida está cara e quão parco é o vosso cachet... e reconhecemos todo o sacrifício que têm feito só por amor à arte, ao fado e a Portugal . BEM HAJAM!
domingo, abril 01, 2007
Quando Fado acontece
A letra é de Artur Ribeiro e a música de João Mª dos Anjos
Nem sempre acontece fado
No cantar estilizado
Que sai de cada garganta
E às vezes nada acontece
Porque quem cante se esquece
De dar sentido ao que canta.
Quem canta, nem sempre tem
Razões para amar alguém
E às vezes nunca sofreu
E, sem nunca ter vivido,
Como pode dar sentido
Ao que o poeta escreveu?
Mas, se acontece o contrário,
Nós temos por fadário
Amar, amar sem medida
E então acontece fado
E cada verso cantado
Fica transformado em vida!
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