Não poderia deixar de aqui homenagear Rosa Lobato Faria (1932-2010), actriz, romancista, poetisa e letrista que, inopinadamente, nos deixa na flor da vida e do talento, com uns jovens e joviais 77 anos.
Lembro-me bem desta lindíssima mulher quando, há décadas, apareceu na RTP, ao lado de David Mourão-Ferreira, dizendo poemas... já então a Rosinha era linda, doce e simples e, por isso, chamava tanto a atenção que muitos nem notavam a sua maestria de diseuse!... Segui a sua carreira com admiração constante, pela excelência que marcava tudo o que fazia, pela delicadeza, a graça, a genuinidade, a inteligência e, porque não dizê-lo, por conseguir, com o passar dos anos, estar cada vez mais jovem e bonita e talentosa, ao contrário do que usualmente acontece.
Rosa Lobato Faria escreveu belíssimas letras para Fado, uma das quais é lembrada aqui http://kalungablog.wordpress.com/2009/09/05/americo-sou-apenas-teu-amigo/ pelo nosso Amigo Américo e ainda a do conhecido Fado Maluda, na voz de Carlos Zel, aqui http://www.youtube.com/watch?v=a6w-WW5DZrQ; mas há uma outra letra, igualmente excelente, que por ser uma "brincadeira" sobre os bairros de Lisboa (que Rosa Lobato Faria escreveu para a Mísia, a pedido) quero igualmente recordar. Podem ouvir aqui http://www.deezer.com/fr/music/misia#music/misia e acompanhar as palavras, que não garanto estejam 100% correctas
CONJUGAR LISBOA
Esta Lisboa princesa / Filha Estrela da Mãe d' Água / Alfama minha tristeza / Chafariz da minha mágoa / Bato sonhos em Castelo / No Desterro do cansaço / Com Pontinhas de cabelo / No Terreiro aonde passo / Restelos no que eu vivi / Benficou noutras Mercês / Quando eu Rossio por ti / Portamos Cais do Sodrés / Mas quando tu me Xabregas / Não me deixo Saldanhar / Sou do Tejo se navegas / Nas ondas do Lumiar / E porque Politeamo / E com a Escada vez mais / À janela me Moiramo / A ver se és tu que ali vais / Eu Arieiro, tu Chelas / Bela Parque, Amoreiras / Mas se Intendente dou por ela / Que Marvila de Telheiras / Ando a conjugar Lisboa / A ver se o Salitre passa / Pois nada nos Madragoa / Se é feito com ar de Graça.
Mais informação no YouTube e este vídeo
Obrigada, Rosinha!
3 comentários:
Grande pérdida a desta poetisa. Confesso não conhecer a sua obra toda, mas me lembro que soube dela quando ouvi a Mísia cantar o Fado Quimera, um poema que pede ser tudo e afinal fica em nada, e sozinha... Também gostei do poema que canta o nosso amigo Américo já lhe fiz o coment no post.
Tem de dizer-me outras letras dela, sobretodo dos cantados no fado.
É lindo lembrar aqueles que nos deixam...
beijinho
jaume
Tem bastantes, mas gosto muito do Fado Maluda, interpretado pelo Zel, uma homenagem a essa grande artista e também amante de Fado, grande amiga de Amália; se encontrar mais exemplos no youtube, envio-lhe o link.
Bjinho
O.
Ai Deus e ue não cita neste falecimento a Lusa! Mas como raras vezes a RTP 1 esteve bem e aproveitou um excelente programa do Júlio Isidro. Na RTP Memória passa "Palavras Cruzadas" inde a Rosa emtra.
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