Nazaré
As Férias
Era uma rosa azul de água amarrada
um palácio de cheiros um terraço
e uma jarra de amigos derramada
da casa até ao mar como um abraço.
Era a intensa e clara madrugada
com cigarras dormindo no regaço
e a ampulheta do sono defraudada
no tempo cada dia mais escasso.
Era um país de urzes e lilases
de tardes sonolentas espreguiçando
um aroma de nardos pelo chão
e bandos de meninas e rapazes
correndo amando rindo e adiando
a minha inexorável solidão.
J.C. Ary dos Santos
2 comentários:
Ai que saudades!
Ai que dor! Porque a saudade dói...!
E que férias....!
Eu amo tudo o que foi
EU AMO TUDO o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errónea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
Fernando Pessoa
Poesias Inéditas
Eu que pensava que conhecia quase tudo ou tudo do Ary, que leio, canto, mastigo, torturo e bebo....venho agora AQUI, e descubro um poema que desconhecia.
Obrigada.
Valeria Mendez
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