quarta-feira, agosto 25, 2010

"Cigarra e formiga"

Em Junho de 2008 editei este vídeo de homenagem a Natália dos Anjos, lembrando esta fadista maior da velha guarda com o fado "Cigarra e Formiga", cuja letra, de Linhares Barbosa, recria a conhecida fábula de Esopo que La Fontaine recontou...
A pedido de Luisa Notarangelo, editora deste blog , aqui fica a curiosa letra do fado, que desmente essa antiga e bizarra lenda da cigarra cantadeira e da afadigada, porém, impiedosa formiga "- Ah, cantaste? Então, agora, dança!..."
É que, afinal, também trabalha quem canta!...
Desminto uma lenda antiga
Muito velhinha e bizarra
Que conta que uma formiga
P'lo trabalho e p'la fadiga
É diferente da cigarra
*
Eu sou cigarra e formiga
Pois vivo desta maneira
Sou modesta rapariga
De noite boto cantiga
De dia sou vendedeira
*
Não faço aquela algazarra
Duma cigarra no prado
Canto ao som duma guitarra
De dia ninguém me agarra
Em qualquer sítio de fado
*
Como o trabalho me anima
E me dá pão e me alegra
E a freguesia me estima
Não canto nem uma rima
Quando sou formiga negra
*
Sou cigarra e sou formiga
E a tudo isto eu acho graça
Nem consinto que se diga
Mal de qualquer rapariga
Que ganha a vida na praça.

domingo, agosto 22, 2010

OS NOSSOS FA(R)DOS

Uma fantasticogenial produção Mandala... (que era o que muitos mereciam, era!...)

Continuem a mandar assim, que nem todos podemos mandá-los desta maneira...

E não, Xoné, essoutro "Fados" nada tem a ver com este e já repetidamente expliquei que não é produção Mandaura... Apre!

Este, sim! Mandá-la ouver!...

domingo, agosto 15, 2010

segunda-feira, agosto 09, 2010

FadoLaFéria em férias

Um espectáculo espectaculoso, desses que o La Féria sabe fazer e a que nos habituou. "Muita parra, pouca uva", um espelho deste tempo que mais valoriza o parecer que o ser... Ostentoso que baste, nos cenários, guarda-roupa, luz, som, nem esquecendo esculturais bailarinos e figurantes... Interessante, de facto! Mas que revisite "a história do Fado Português", como se anuncia... nem por lá passa! Nesse pequeno pormenor ou pormaior, como queiram, é um falhanço tão grandioso quanto pomposo é o espectáculo... já nem querendo referir alguns quadros de gosto duvidoso, não poderei deixar de lamentar o logro da "reconstituição" histórica anunciada e apresentada que, afinal, mais não será do que "a história do fado segundo La Féria" que, diria eu, não está mal de todo, não senhor, até fala da Severa, da Cesária, do Marceneiro, também do Farinha e do Carlos Ramos e nem esquece o Maurício, nem mesmo a Mª Teresa de Noronha e, vejam lá, até homenageia o Ary e o Carlos do Carmo e nem Hermínia, nem a Amália foram esquecidas, mas que hei-de fazer?, acho que lhe falta tudo, falta-lhe o substrato!...

Vão ver! Depois falamos...

domingo, agosto 01, 2010

As TIAS

A "TIA", essa instituição nacional que o fado também celebra...

"TIA MACHETA"
letra de Linhares Barbosa, música de Manuel Soares, do repertório de Berta Cardoso, interpretado pela própria

"TIA DOLORES"

letra de Linhares Barbosa, música de José António Sabrosa, do repertório de Lucília do Carmo, interpretado pela própria


"TIA ANICA"

letra de Francisco Radamanto, música de Acácio Gomes, criação de Florinda Maria, interpretado por Anita Guerreiro

P'ra quando o Dia da Tia? não fora a cacofonia!... :-)

segunda-feira, julho 12, 2010

BERTA CARDOSO


Faz hoje 13 anos que Berta Cardoso partiu.

Idolatrada, durante décadas, por um público tão exigente quanto conhecedor de Fado, reconhecida pelos seus pares como "a maior" e indestronável, requerida por poetas e compositores que ansiavam o êxito dos seus fados que aquela "voz d'oiro" lhes traria, Berta Cardoso, que foi uma das primeiras grandes embaixadoras do Fado, que divulgou, nos anos 30 e 40, pela Europa, África e América, nomeadamente no Brasil onde obteve estrondosos êxitos, nunca obteve das Instituições o reconhecimento que lhe era / é devido, como já em 1967 muito bem se assinalava...

Dessa Severa do séc XX, melhor fala o seu legado do que tudo o que alguém possa dizer...

Obrigada, Berta!

sexta-feira, julho 09, 2010

Em Hollywood canta-se o Fado ?!

Seria, em 1954, o sonho de Serapião Tristão que o imaginava na voz da bela Cyd Charisse... Pudera não!...
Mas, como dizia o gordo taberneiro "Quem não sabe beber vinho não entra em tabernas"...

domingo, julho 04, 2010

Ronda do Fado - Alfama (II)


SR.FADO - R. dos Remédios, 176

BELA - R. dos Remédios, 190


LANTERNA VERDE - R. S. João da Praça, 45





GUITARRAS DE LISBOA - Beco do Melo, 1



MESA DE FRADES - Restaurante do Museu do Fado

A TASCA DO CHICO - R. dos Remédios, 83



CASA DE LINHARES / BACALHAU DE MOLHO - Beco dos Armazéns do Linho,2


MARQUÊS DA SÉ - Lg. Marquês do Lavradio, 1


CLUBE DE FADO - R. S. João da Praça, 94


PÁTEO DE ALFAMA - R. S. João da Praça, 18



A BAIUCA - R. de S. Miguel, 20



GSA - R. Norberto Araújo, 19 A
***


ALFAMA tem mais en canto na mágica voz de Amália, letra de Ary dos Santos, música de A. Oulman, um vídeo de MadameBateflay.
*
Mas Alfama também en canta nas vozes de


- Diamantina e Gonçalo Salgueiro
*


- Mariza


*

- Vânia Fernandes

*

- Ricardo Ribeiro

quinta-feira, julho 01, 2010

FADO DA SINA


Um clássico, da autoria de Amadeu do Vale e de Jaime Mendes, uma criação de Hermínia Silva no filme "Ribatejo" (1949), por

- Hermínia Silva



- Katia Guerreiro


- Dulce Pontes



- Maria Ana Bobone


domingo, junho 27, 2010

Ronda do Fado - Alfama


TAVERNA D'EL REY - Largo do Chafariz de Dentro, 14 - 15


S. MIGUEL D'ALFAMA - R. de S. Miguel, 9


PARREIRINHA DE ALFAMA - Beco do Espírito Santo, 1



O PEREIRA D'ALFAMA - R. Guilherme Braga, 22


MARÍTIMA DAS COLUNAS - Largo Chafariz de Dentro, 17



MARIA DA FONTE - R. de S. Pedro, 5



FADO MAIOR - Largo do Peneireiro, 7



ESQUINA DE ALFAMA - R. de S. Pedro, 4

DRAGÃO DE ALFAMA - R. Guilherme Braga, 8

CORAÇÃO DE ALFAMA - Tv. Terreiro do Trigo, 8

Com letra do Conde de Sobral, música de Casimiro Ramos, ALFAMA, nas inolvidáveis vozes de Natália dos Anjos e de Fernando Maurício.

O FADO NA TABERNA

(in G.P. 1934)

quinta-feira, junho 24, 2010

O FADO, Canção de vencidos

Foi sob esse título e obedecendo ao tema que, em 1936, foi publicada a compilação de 8 palestras, de Luiz Moita, emitidas pela Emissora Nacional,


colectânea ilustrada por Bernardo Marques


e de que vos deixo este apontamento, para reflexão, onde se cita António Arroio, que exprime o que pensava acerca do Fado e muito mais do que isso ...





Ao contrário dele, deixo-vos eu com este pedido

«Cantem o Fado

quarta-feira, junho 23, 2010

ALDINA DUARTE - BERTA CARDOSO




"Princesa prometida" em Noite de S. João, o Triplicado interpretado por Aldina Duarte com um excelente poema da sua autoria, e também interpretado por Berta Cardoso com um não menos excelente poema de Linhares Barbosa, a celebrar o S. João...

segunda-feira, junho 21, 2010

FADO no Câmara Clara - RTP2

Ontem, na RTP2, o Fado, particularmente a sua Candidatura a Património Imaterial da Humanidade, foi tema do programa Câmara Clara.

Logo a abrir, apresenta-se, do documentário Fado Celeste, um (mau) momento do depoimento de Celeste Rodrigues em que a própria divaga sobre a interpretação do "Saudade vai-te embora", não se alcançando bem o que pretende dizer para além de que a sua interpretação era tão excelente que até chegava a cantar esse fado 9 vezes por noite, a pedido do público, na que foi a sua casa de fados, a Viela; não quereria dizer, por certo, que o autor entendesse e lhe tivesse dado indicações para interpretar esta brilhante composição, que nem escreveu para o repertório da Celeste, como quem está "toda contentinha"?!... vale a pena relembrar e "re-ouver" aqui a magoada interpretação do próprio autor, Júlio de Sousa, que afinal também sabia cantar e que, tanto quanto sei, nem frequentava casas de fado, tendo tido a sua própria, no Bairro Alto... sendo que, habitualmente, era aí que o/as fadistas iam buscar as composições e ele as exemplificava ao piano... Ó Celeste, recordar desse modo Júlio de Sousa?!... "Não havia necessidade"! Enfim!...

Entrando propriamente no programa, ouvimos as razões e as lições de Sara Pereira e de José Pracana e ficámos com aquela estranha sensação de ouvir agora, como novas, coisas que têm vindo a ser ditas por várias pessoas que apenas não têm tido a devida visibilidade... um pouco como a questão das autorias, há quem tenha as ideias e depois quem as apresente como suas... pouco importa!

Por certo, para alguns de nós, o Fado será sempre o mais importante.

domingo, junho 20, 2010

O FADO de SARAMAGO

Precisamente por ser este blogue dedicado ao Fado, não poderia evitar deixar aqui assinalada a presença de Saramago nesta Vida e a sua Partida, em qualquer altura temporana, se bem que em vetusta idade.
Saramago, que a si próprio se viu, sem nisso acreditar, como se apenas fora a projecção de 4 pontos luminosos, por certo iluminará agora os céus que habite, como iluminou com o seu génio as Letras portuguesas e, diria, mundiais, o que lhe valeu a atribuição de um Nobel da Literatura, assim se reconhecendo o seu enorme valor, enquanto escritor e, claro, pensador. É notável o percurso de vida deste Homem, nado e criado até à adolescência na mais profunda ruralidade onde imperava a escassez de todos os meios, excepto o mais valioso, o do Pensamento de cujo paradigma, por ele próprio indicado - seu avô, o homem mais sábio que jamais conheceu, terá seguido o trilho, porém a seu modo. Dir-me-ão que não é do mais puro Fado que um ente tão pobremente nascido e criado, transfigurado de operário em intelectual, como quem estala os dedos em golpe de magia, tenha conseguido chegar, e por mérito próprio, ao cimo da mais alta montanha?! Dir-me-ão que isto não é Destino, não é Fado?!... Para mim, é-o tanto mais claramente que lhe foi dado cumpri-lo em Portugal, terra de lavoura dos mais preclaros espíritos, por onde também passaram um Padre António Vieira, Gil Vicente, Camões, Eça, Camilo, um Aquilino Ribeiro... e nenhum deles terá levado melhores memórias de seus contemporâneos e governantes das que agora carrega Saramago, a quem o mais alto representante da Nação (fazendo de conta que não o é) nega, com a sua ausência, o preito que em si e por si, Presidente, a Nação lhe deveria prestar... Felizmente que Saramago não está nem aí! está-se bem a ralar com isso, ora essa! mas que a nós, a todos que gostaríamos de nos vermos agora representados, nestas exéquias, por quem nos representa, assim representando a Nação, a nós custa-nos um bocado verificar que, afinal, entende o Sr. Presidente não ter este momento a necessária dignidade, que o leve a interromper as suas férias (?) para presidir aos funerais de um Homem que, mais do que da Família, é de Portugal, do país onde nasceu e que engrandeceu com a sua Arte, esse país de nautas, do qual já dolorosamente se apartara, de resto, por ter sido menos bem tratado por anacrónicos censores, mas país que nunca renegou e que escolheu para descanso das suas cinzas... ou de metade, ainda não se apurou bem... seja como for... será este seguidamente o Fado que Saramago tem a cumprir, mas que, tal como ele disse ao referir-se à publicação ou não de um seu romance inédito, já cá não estará, pouco lhe importará...
Quer queiram quer não, este Homem, que a mediocridade de alguns maltratou em vida e na morte, este português ribatejano Saramago, neto do Homem mais sábio que algum dia alguma vez conheceu, este escritor, que a Academia reconheceu e agraciou com o Nobel, ficará ainda na memória de todos, ombreando com os maiores, quando, dos que o desconsideraram, já nem memória de seu nome houver, que feitos foram nenhuns!...
Palmas para Saramago que tão bem cumpriu seu Fado.
***
Já depois de ter publicado este verbete, o amigo Fernando Baptista veio muito oportunamente lembrar que José Saramago está efectivamente representado no Fado; Mísia interpreta, no Fado Franklin, esta letra de José Saramago, disponibilizado neste belíssimo vídeo

E nem sequer é caso único... Igualmente de José Saramago, com música de António Vitorino de Almeida, Mísia tem no seu repertório um outro fado, o Fado Adivinha.

segunda-feira, junho 14, 2010

Não pareceria! é mesmo uma PARCERIA...

...entre o M. do F. e a S.P.A.

Parece-me bem! para além de muito necessário...

Para os menos atentos, como eu, que só hoje dei com ela, aqui fica a notícia da parceria , que foi devidamente protocolada, entre o Museu do Fado e a Sociedade Portuguesa de Autores.

Pela minha parte, as maiores felicidades para as equipas de trabalho, que vão ter muito que pedalar e partir pedra para abrir caminho... se possível, com a celeridade e o rigor que os tempos impõem e a candidatura requer...