I.P.
A "Severa", de Júlio Dantas, em 1907 no Teatro Príncipe Real, com Palmira Torres e Carlos Leal.domingo, novembro 28, 2010
sexta-feira, novembro 26, 2010
"O venenoso cogumelo do FADO"
I.P.
De entre muitos textos curiosos, do início do século passado, que tenho encontrado sobre o FADO, este mereceu-me hoje particular atenção, talvez apenas por causa daquela interessante comparação estabelecida entre os cogumelos e o fado... ambos tão "mortais" que, dizem uns, "Não comam cogumelos selvagens!", suplicam outros "Não canteis o Fado!".
terça-feira, novembro 23, 2010
Coisas e loisas do Fado...
Cantar Fernanda Maria
"Cantar Fernanda Maria”, título de um espetáulo no Teatro Armando Cortez, em Lisboa, a Carnide, junto á Casa do artista, que é "um brinde" à eterna interprete de “Não passes com ela à minha rua”.
Os fadistas são Gonçalo Salgueiro, Ana Moura, André Baptista, Cristina Navarro, Ana Maurício, Luís de Matos, Filipa Cardoso, Ricardo Ribeiro, Aldina Duarte, Pedro Moutinho, e Ana Sofia Varela.Serão acompanhados pelos guitarristas José Luís Nobre Costa e José Manuel Neto, os violas Jaime Santos Jr. e Carlos Manuel Proença, e os violas baixo Joel Pina e Daniel Pinto.
Fernanda Maria foi distinguida em 2006 com o Prémio Amália Rodrigues, no programa da gala, que ocorreu no Municipal S. Luiz, Nuno Lopes escreve: “Uma história abreviada do fado não pode deixar de referenciar Fernanda Maria” que qualifica de “intérprete de excepção” e “criadora de fados que perduram na memória”.
À Lusa o fadista Gonçalo Salgueiro, amigo desde sempre da fadista, afirmou: “No fundo, é mostrarmos-lhe o quanto gostamos dela e lhe estamos gratos”.
O fadista que é um dos protagonistas de “Fado – história de um povo”, no Casino Estoril foi o autor da ideia.“A ideia surgiu de uma conversa com a Cristina Navarro e o André Baptista, a que pronta e generosamente muitos aderiram, porque somos fãs da Fernanda Maria”, disse.
“Quem canta são os fãs da Fernanda Maria, daí não subir ao palco ninguém da sua geração”, justificou Gonçalo Salgueiro.
Para o fadista, Fernanda Maria “é uma referência de estilo”.“A Fernanda Maria é uma fadista de raça, tem uma voz completa com graves lindíssimos, médios cheíssimos e agudos esplendorosos e límpidos”, referiu.Nuno Lopes no citado programa refere a “voz límpida e segura”“Uma mulher – acrescentou Salgueiro – em que se percebia tudo o que dizia, cada uma das palavras, que tinha um respeito enorme pelos sentimentos dos poetas, que pesquisava ao máximo quando recebia um poema para não trair a ideia do poeta. Uma intérprete de exceção que nunca imitou ninguém”.Argentina Santos, Amália Rodrigues e Maria Teresa de Noronha são referências para a criadora de “Saudade vai-te embora”
A receita do espectáculo reverterá totalmente para a Casa do Artista.“É uma forma de lhe dizermos muito obrigado, gostamos muito de si, estamos-lhe gratos”, disse Salgueiro, acrescentando que “a utilidade de ajudar uma causa como a Casa do Artista que cada vez precisa de mais apoio”.
Fernanda Maria, 73 anos, começou a cantar aos 12 na Parreirinha de Alfama, e mais tarde, n'0 Patrício, na calçada de Carriche. Com 15 anos apresentou-se na Emissora Nacional, e entre cem candidatos foi uma das escolhidas, passando a atuar em programas como "Serão para trabalhadores", "Estrelas no Odeon", "Comboio das seis e meia" ou "Passatempo PAC".Integrou o elenco de várias casas de fado de Lisboa até fundar a sua própria, “Lisboa à noite”, no Bairro Alto, em 1964.Apenas uma vez cantou fora de Portugal, na Holanda, apesar “dos insistentes convites, até para ir ao Lincoln Center”, recordou numa entrevista à imprensa. Para os Estados Unidos gravou 20 álbuns.
A ex-locutora radiofónica Ema Pedrosa afirmou à Lusa: “se fosse hoje, com a quantidade de discos que vendeu, a Fernanda Maria tinha mais que uma parede só com discos de ouro, foi um estrondo de carreira”.
Entre os seus sucessos contam-se “Não passes com ela à minha rua”, “Saudade vai-te embora”, “Algemas de vidro”, “Negro ciúme”, “As pedras da minha rua”, “Às de espadas”, “Homem de fato castanho”, “Barcos do Tejo” ou “Aquela velhinha”.
Todos os fadistas interpretarão um fado do repertório de Fernanda Maria que obteve a carteira profissional em 1957 e encarou o Fado como razão e explicação da sua existência. Em 1968 afirmou à revista Magazine: "Não sei se foi a pobre existência que tive, se foi a influência de ouvir cantar fado, que gravaram em minha alma esta forma de sentir".Inez Benamor
Ó mulata Berta Cardoso, olha que, ariana que sou, fiquei negra de vergonha!
Laus Deo!
sexta-feira, novembro 19, 2010
"Cantar para FERNANDA MARIA"
Li, no HardMúsica que recebi hoje, a notícia abaixo, que aqui não posso deixar de publicar, não só para chegar a mais e outro público que queira estar presente nesta homenagem que Fernanda Maria tanto merece, mas também para fazer duas pequenas correcções.
Bons Fados!
Lá nos encontraremos Domingo, se Deus quiser e o Tempo ajudar!
"Homenagem a Fernanda Maria na Casa do Artista
Entre os músicos destacados para os acompanhar contam-se José Luis Nobre Costa, Jaime Santos Jr, Joel Pina, José Manuel Neto, Carlos Manuel Proença, Daniel Pinto.Maria Fernanda Carvalheira dos Santos nasceu em Lisboa em 1937 começando desde muito nova a sua vocação como fadista. Chegou a ser conhecida como "A Miúda do Alto do Pina" talvez porque a sua carreira se iniciou nas mesmas alturas de Tristão da Silva. Com apenas 12 anos de idade gravou o seu primeiro disco e a sua estreia como fadista profissional ocurreu no Parreirinha de Alfama. Nos anos 60 Fernanda Maria realizou o seu sonho com a abertura da sua casa típica "Lisboa à Noite", um local atraente para as grandes estrelas do fado num ambiente onde os apontadores do fado e os fadistas de nome se reuniam para ouvir a canção de Lisboa. Fernanda Maria também cantou fora de portas realizando digressões pelo estrangeiro."
Zita Ferreira Braga
quinta-feira, novembro 11, 2010
"Estás a pensar em mim, promete, jura"
Mariza grava novo disco com fados tradicionais
“Fado tradicional” é o título do novo álbum de Mariza, que integra um dueto com Artur Batalha, “Promete jura”, e ainda temas de autoria de Fernando Pessoa, Amália Rodrigues e Diogo Clemente, entre outros, noticiou a Lusa.
O álbum, o quinto de estúdio de Mariza, é o primeiro produzido pelo músico Diogo Clemente, e será apresentado no Coliseu do Porto, no dia 25 de Novembro, e no dia 29 no de Lisboa, num cenário desenhado pelo arquitecto Frank Gehry.
Tal como o título indica, as melodias que interpreta são fados tradicionais, casos do Fado Sérgio, a solo e em dueto com Artur Batalha, no tema “Promete jura” (Maria João Dâmaso/Sérgio Dâmaso), Fado Alfacinha para o tema de Fernando Pinto Ribeiro “As meninas dos meus olhos”, ou o Fado Varela para uma letra de Diogo Clemente, “Mais uma lua”.
De Fernando Pessoa interpreta na melodia do fado bailarico de Alfredo Marceneiro, “Dona Rosa”.
“Ai, esta pena de mim” (Amália Rodrigues/José António Guimarães Serôdio) no Fado Zé António, e “Na rua do silêncio” na melodia do fado alexandrino de Joaquim Campos com letra de António Sousa Freitas, são dois dos temas do repertório de Amália Rodrigues que recria.
Acerca deste CD, o musicólogo Rui Vieira Nery afirma que a fadista “regressa às próprias raízes do fado ‘clássico’, mergulhando por completo nas tradições mais autênticas e mais consagradas pelo tempo de um género de que é hoje um expoente consagrado”.
“Ao mesmo tempo – escreve ainda Nery – [Mariza] continua atenta a uma nova geração de jovens compositores como Sérgio Dâmaso, e estimula os seus acompanhadores a apoiá-la nesta viagem como um suporte instrumental assumidamente contemporâneo e por vezes ousadamente experimental”.
Uma “mistura tão especial do velho e do novo, mas sempre só o melhor”, remata o musicólogo.
“Rosa da Madragoa” (Frederico de Brito/José Duarte) na melodia do fado Seixal, “Boa noite, solidão”, um tema criado por Fernando Maurício, no fado Carlos da Maia, com um poema de Jorge Fernando, “Desalma” de Diogo Clemente na música do fado Alberto de Miguel Ramos, e ainda “Meus olhos que por alguém” no fado menor do Porto de José Joaquim Cavalheiro Jr. com letra de António Botto, de quem a fadista já interpretou “Os anéis do meu cabelo” com música de Tiago Machado, são outros dos temas incluídos no álbum.
O novo disco estará disponível numa “edição standard” (CD com 12 fados), numa “edição especial” (12 fados e dois extra) e uma "edição digital".
Os temas extra da edição especial são “Olhos da cor do mar” de João Ferreira-Rosa e Óscar Alves na música do fado Amora de Joaquim Campos, e “Lavava no rio lalava” de Amália Rodrigues e José Fontes Rocha.
“Fado Tradicional” foi gravado no Lisboa Estúdios entre julho e setembro passados, e sucede a “Terra”, produzido por Javier Limón, editado em 2008.
A fadista é acompanhada por Ângelo Freire (guitarra portuguesa), Diogo Clemente (viola) e Marino de Freitas (viola-baixo).
Mariza, já distinguida com vários prémios nacionais e internacionais, actua dia de S. Martinho (dia 11) na Sala Palatului na Roménia, seguindo para a Suíça onde canta em Basileia, no dia 14.
(IB)
Foi a surpresa, a saudade e a emoção e
finalmente, resolvi registar em vídeo esta superior interpretação do fado "Estás a pensar em mim", também conhecido como "Promete, jura", um fado de que são autores o Sérgio Dâmaso e a filha, Mª João, um fado que muitas vezes ouvi na "Viela", precisamente interpretado pelo seu criador e autor da música, o Sérgio.
segunda-feira, novembro 01, 2010
ANTÓNIO BOTTO
I.P.
Do genial António Botto, um dos poetas mais brilhantes do seu tempo, diz-se mesmo que era Homem de génio, o que terá contribuído para a sua proscrição; mas o que verdadeiramente o tornou num dos Poetas Malditos da nossa História Literária foi, por certo, a corajosa confissão do seu diferente sentir que um homofobismo dominante não consentia... esse dandy que encantou a boémia de Lisboa e que foi reconhecido maior pelos mais brilhantes intelectuais de então, que gozou de enorme, mas breve glória, e que deu também assinalável contributo ao Fado, a "Imortal Canção", viu-se constrangido a emigrar para o Brasil, com sua mulher, Carminda Rodrigues, sua companheira fiel mesmo nesses piores momentos de decadência e miséria vividos no "exílio"... Também ao partir, apenas os braços da sua "doce companheira" o terão acolhido e, por certo, selado, num demorado beijo, esse Amor jurado um dia, assim se cumprindo este Soneto...