"Velha inimiga", um fado de José de Jesus Guimarães e de Resende Dias interpretado por Mísia.
Povo que esperas a hora / Que és tronco, seiva e raiz / Que és vida e sonho pungente / Ó povo do meu país / Manda esta saudade embora / Correm os rios para o mar / Não voltam mais à nascente //
Trago esta saudade antiga / Antiga como um brazão / É uma velha inimiga / Dentro do meu coração / Porque mistério se me invoca / Este passado cinzento / Tão longe que nem me toca / Tão perto em meu pensamento //
Povo que esperas a hora / ...
Esta saudade que importa / Tem o seu lugar marcado / Por detrás daquela porta / Com que se fecha o passado / E quem procure o seu norte /Na manhã de nevoeiro / Não deve render-se à sorte / Sem haver luta primeiro //
É, hoje, editado o novo disco de Ricardo Ribeiro, uma Voz, um talento e um dos mais genuínos intérpretes actuais do Fado tradicional.
Desejando que tenha um enorme, já que bem merecido sucesso, com o seu novo trabalho, recordo-o nesta magnífica interpretação de "Horas de Fado", da autoria de Artur Ribeiro e Armando Machado.
Beijinho.
Horas de Fado
Horas de solidão, horas de fado / No meu andar perdido, a razão / Horas de ser poema amargurado / A falar de pecado e de traição
Horas de ser poema e não poder / Gritar, gritar até que fique rouco / O meu castigo de viver viver / Castigo de não ser ainda louco
Horas de solidão recomeçadas / De cada vez que fico só assim / Horas que vão ficar em mim paradas / Até que novo amor renasça em mim
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Como curiosidade, e melhor respondendo à questão do amigo Jaume, aqui ficam estes dois documentos que complementam o que já ficou dito acerca deste Fado
Ulf Bergqvist apresentou hoje o último programa desta série de três, sobre Fado, este centrado na figura de Fernando Mauríco, "Rei do Fado", e onde também se ouve as vozes de Mariana Silva, Francisco Martinho, Vitor Miranda, Ana Maurício e Ricardo Ribeiro. Óptima escolha!
Excelente programa! Parabéns Ulf! e muito, muito obrigada por esse agradecimento, em português, de que tanto gostei. Mas deixe que seja eu a agradecer-lhe tudo o que tem feito pelo Fado e pela Cultura Portuguesa. Bem haja!
O Fado sempre encantou quem com ele se cruzou... é universal e cantado de ocidente a oriente...
Hoje, trago-vos Maria Dolores Pradera, http://es.wikipedia.org/wiki/Mar%C3%ADa_Dolores_Pradera, notável "cantante" e actriz espanhola que aprecio imenso e que também gravou alguns fados, entre os quais "Primavera", uma letra de David Mourão-Ferreira, com música de Pedro Rodrigues, uma criação de outro expoente da cultura Ibérica, Amália Rodrigues.
Um enorme obrigada ao meu Amigo Jorge Falé, sem o qual este vídeo não teria sido possível!
Do Brasil, para todo o mundo, com Amor, Música Portuguesa e não só... Um notável serviço público em prol da Cultura Portuguesa. Oiça aqui http://webradioportugal.blogspot.com/ (hora do Brasil) Felicitações e agradecimentos a Cláudia Tulimoschi e a Oliveira Nunes por esta fantástica iniciativa. De Portugal para o Brasil, "aquele abraço" e votos do maior sucesso!
Ulf Bergqvist apresentou, ontem, o 2º desta série de 3 programas de fado que produziu para a Rádio Sueca, programa que intitulou "Med fadon ut i världen". Excelente selecção de Fados de Lisboa, e não só, nas vozes de Amália, Gonçalo Salgueiro, Tristão da Silva, Toni de Matos, MariaClara, Frei Hermano da Câmara, Cristina Branco, Pedro Moutinho e Maria da Conceição, entre outros.
Aproveito o ensejo para, na pessoa do seu Presidente, felicitar a Câmara Municipal de Lisboa, pela atitude corajosa de, nestes tempos de contestação, não se ter eximido a merecidamente condecorar, no passado dia 8, na Praça de Toiros do Campo Pequeno, o Cabo do Grupo de Forcados Amadores de Lisboa, José Luís Gomes (que, nessa noite, despiu a jaqueta), assim reconhecendo e valorizando o Forcado enquanto figura emblemática da Toirada Portuguesa, espectáculo de inquestionável importância Nacional, seja pelo facto de integrar e preservar valores Tradicionais, seja pelo que representa e vale em termos culturais e económicos. Obrigada!
Ainda o "Divas do Fado", um inesgotável manancial de polémica fadista...
Desta vez, cabe em sorte o Manuel Halpern, jornalista e crítico do que foi um conceituado jornal, o Jornal de Letras, Artes e Ideias; poderia apresentá-lo, mas, melhor do que eu o faria, o próprio aqui se apresenta
Manuel Halpern Acerca de mim Jornalista e crítico do Jornal de Letras, Artes e Ideias, Manuel Halpern escreve preferencialmente sobre música e cinema, além de manter, desde há dez anos, a coluna fixa O Homem do Leme. Popómano, cinéfilo, bloguer, ávido coleccionador de CD e DVD, e autor de booklets, nasceu em Lisboa no ano da Revolução de Abril. Tem duas filhas, duas peças de Teatro (O Segredo do Teu Corpo e Palco – Quimera, 2006), um ensaio sobre fado (O Futuro da Saudade – O Novo Fado e os Novos Fadistas, Dom Quixote, 2004). Licenciado em Comunicação Social, pela Universidade Católica, com pós-graduação em Crítica de Cinema e Música Pop, na Faculdade Ramon Lull de Barcelona, colaborou, entre outros, com a Visão, Público, Blitz, Antena 2, Diário de Notícias e Corriere della Sera. Nas horas vagas é DJ, integrando a dupla de som e imagem Ouvido Visual. Fora de Mim é a sua primeira ficção.
Feitas as apresentações, passemos ao que interessa. Confesso que tinha prometido a mim própria nada mais comentar acerca do "Divas do Fado", mas a verdade é que, depois de ler o que li, não consegui manter a promessa, feita antes de ler o que li, pelo que, em rigor, nem por incumprimento me devo penitenciar...
E o que li e aqui partilho, escrito por Manuel Halpern (que, no citado livro, escreve umas tantas páginas, que, à semelhança do que ocorre em obra anterior, continuam a denotar deficiente informação em assuntos de fado e deficiente expressão em língua materna) não será sequer, quiçá, um dos trechos que melhor ilustre o que afirmei acerca do discurso deste pós-graduado em Crítica de Cinema e Música Pop, Licenciado em Comunicação Social (pela Católica!), que não deveria ser, portanto, mais um inho qualquer desses que escrevem por aí ou por aí têm quaisquer programas de entertenimento; ora atentem, a páginas 28, assegura-nos, então, o amigo Halpern: "A ausência de tocadoras de guitarra portuguesa, por um lado, deve-se a uma forte tradição masculina, mas por outro trata-se mesmo de uma questão fisionómica." ???!!!(sublinhado meu) Se não fosse tão triste, eu voltaria a gargalhar como o fiz com aquela tirada acerca da fadista Raquel Tavares que "contrariando essa esmagadora tendência," (de serem sempre homens os tocadores) "arriscou em Ardinita, acompanhar-se à guitarra. E a sua imagem, de guitarra em punho, tornou-se forte e libertadora"(sublinhado meu), como se essa fosse uma imagem rara... Ó Manuel, o menino deve andar cego! É o que não falta, fadistas "de guitarra em punho"! é, de resto, uma imagem mais que vulgar!; toda a fadista que se preze, tem uma fotografia empunhando a guitarra... que algumas tocavam, acompanhando-se, ou não se lembra de nenhuma que o fizesse? Será que a mítica Severa tinha uma guitarra só para enfeitar, compor a imagem? E a Maria do Carmo (Alta)? Acha mesmo que a Luísa Amaro tem razão ao afirmar, segundo citação sua, que "Ainda não apareceu uma mulher que fosse capaz de tocar guitarra como os homens"? Gostava que me explicasse o sentido desta comparação, para além do que encontrou e explicitamente se encontra vertido no comentário que seguidamente tece"Sendo assim, Luisa descobriu uma forma feminina de tocar, em que contorna a questão da virilidade com uma doçura invulgar. Todavia, escreve as suas próprias composições e não acompanha fado."(sublinhado meu) ... Irra! Que raciocínio!... Parece até que, dada a sua compleição, tocar guitarra é quase tão inadequado à mulher como pegar toiros!...
Deste breve exemplo, cada um tire as suas próprias conclusões...
Não termino, porém, sem antes lembrar o nome da actual guitarrista Marta Pereira da Costa, com um já significativo e notável percurso artístico, bem como recordar o nome das instrumentistas Isabel e Georgina de Sousa, que nos anos 30 do passado século constituiram o Duo Glória-Lusa, precisamente as que se podem observar na imagem deste blog, em frontispício.
Deixo-vos com este vídeo, que me chegou por mail, a propósito e parecendo até de propósito, que ilustra a enorme dificuldade sentida por estes imberbes instrumentistas, de ainda débil compleição, a qual, por isso, muitas vezes se compara à das mulheres, às mais franzinas, está visto... Coitaditos! que falta lhes faz "as mãos grandes e os dedos cumpridos", dado "o grande esforço físico que a guitarra portuguesa exige"... Fim de citação!
Que tal? Magníficos, não? diria mesmo, fisionomicamente muito agradáveis!... :-)
Foi ontem radiodifundido, pela Rádio Sueca, o 1º de 3 programas, acerca de Fado, Tema fado 1. Hemma i Lissabon(Theme fado 1. At home in Lisbon), da responsabilidade de Ulf Bergqvist, que apresentou algumas das mais populares vozes fadistas, entre as quais: Joaquim Silveirinha, Alfredo Marceneiro e Alfredo Duarte Jr., Aldina Duarte, Maria Marques, Artur Batalha, Joana Amendoeira, Celeste Rodrigues, Maria José da Guia, António dos Santos, Maria da Fé, Estela Alves, Natalino Duarte e Carminho. Este programa poderá ainda ser ouvido amanhã, dia 6, pelas 11:30 A.M.
Os dois outros programas terão o seguinte calendário:
Tema fado 2. Med fadon ut i världen (Theme fado 2. With the fado out into the world), Domingo, 11, às 1 P.M. e terça feira, 13, às 11:30 A.M. Tema fado 3. Kung av fadon - Fernando Maurício (Theme fado 3. King of the fado - Fernando Maurício), Domingo, 18, às 1 P.M., terça feira, 20, às 11:30 A.M. Para ouvir, é necessário ter instalado, no computador, o Windows Media Player or Real Player. Abrindo a página http://sverigesradio.se/p2/, e querendo ouvir em directo, basta clicar em "Lyssna direkt", à esquerda, por baixo do grande P2. Se quiser ouvir, em qualquer outra altura, durante os seguintes 30 dias depois da emissão, escolha "Lyssna igen" (Oiça de novo); depois escolha, ao centro, na lista de programas, "Om musik" (acerca da música) ; na página que a seguir lhe é apresentada, escolha então o programa que quer ouvir, neste caso, clicando em Tema fado e, já está!
A todos quero desejar uma Santa Páscoa, no sentido litúrgico-cristão do termo, de morte e renascimento, da Ressurreição,
mas também no seu mais primitivo significado judaico, de Libertação do povo e, assim, de cada um...
Uma Páscoa que seja uma Passagem, em todas as vertentes da Vida, acompanhando a transição do sombrio Inverno para a radiosa Primavera... Renascimento, Renovação que esta belíssima letra, que aqui lembro, tão bem ilustra