Fernando Maurício (1933-2003), nascido na R. do Capelão, no coração da Mouraria, um bairro de grandes tradições fadistas, dono de uma voz inconfundível, é um marco na História do Fado.
Acerca dele, Victor Reis, do blog http://ideotario.blogspot.com/
escreveu este belíssimo texto que transcrevo:
"Quarta-feira, Julho 16, 2003
o último fado de Fernando Maurício
Nas minhas andanças pelo mundo, no tempo que passa sem sentirmos, deixei-me vadiar pelas casas de fado, especialmente aquelas onde se cantava o fado amador e espontâneo, em ambiente simultaneamente rasca e fidalgo, numa perfeita comunhão do querer e do sentir. Na chamada “Linha”: Cascais, Birre, Alcabideche frequentei com alguma assiduidade O Tabuinhas, O Arreda, O Estribo e O Estribinho e pela Madragoa, em Lisboa, o Timpanas, a Cesária e o Solar da Madragoa, onde se ouvia o fado vadio até à exaustão e onde pontuavam figuras que pela sua forma de vida e pelo casticismo do seu cantar se transformaram em ícones de um imaginário fadista e da fadistagem. Alto, elegante, com um carismático bigode foi envelhecendo neste caminho, foram-lhe despontando cãs que lhe davam mais encanto e encantando-nos com sua voz, especialmente com o fadistar de “A Igreja de Santo Estevão”. Voz profunda, olhar penetrante não demos importância ao tempo que ia passando. Sempre pronto a partilhar a sua arte muito gostava de sair “fora de portas”, atravessar o rio e de Cacilhas, já não de burro que isso teria sido nos finais do século XIX, vir para junto do mar, e onde o fado fosse batido, num improvisado tasco de um parque de campismo ou na nobreza do Convento dos Capuchos, cantar o fado. Mas os contadores do tempo não param, mesmo quando estamos menos atentos e não sentimos a areia da ampulheta a esgotar. Fernando Maurício foi tudo isso. A fadistagem está mais pobre. Enriquecidos estarão sempre os que tiveram o privilégio de o conhecer e de o ouvir."
o último fado de Fernando Maurício
Nas minhas andanças pelo mundo, no tempo que passa sem sentirmos, deixei-me vadiar pelas casas de fado, especialmente aquelas onde se cantava o fado amador e espontâneo, em ambiente simultaneamente rasca e fidalgo, numa perfeita comunhão do querer e do sentir. Na chamada “Linha”: Cascais, Birre, Alcabideche frequentei com alguma assiduidade O Tabuinhas, O Arreda, O Estribo e O Estribinho e pela Madragoa, em Lisboa, o Timpanas, a Cesária e o Solar da Madragoa, onde se ouvia o fado vadio até à exaustão e onde pontuavam figuras que pela sua forma de vida e pelo casticismo do seu cantar se transformaram em ícones de um imaginário fadista e da fadistagem. Alto, elegante, com um carismático bigode foi envelhecendo neste caminho, foram-lhe despontando cãs que lhe davam mais encanto e encantando-nos com sua voz, especialmente com o fadistar de “A Igreja de Santo Estevão”. Voz profunda, olhar penetrante não demos importância ao tempo que ia passando. Sempre pronto a partilhar a sua arte muito gostava de sair “fora de portas”, atravessar o rio e de Cacilhas, já não de burro que isso teria sido nos finais do século XIX, vir para junto do mar, e onde o fado fosse batido, num improvisado tasco de um parque de campismo ou na nobreza do Convento dos Capuchos, cantar o fado. Mas os contadores do tempo não param, mesmo quando estamos menos atentos e não sentimos a areia da ampulheta a esgotar. Fernando Maurício foi tudo isso. A fadistagem está mais pobre. Enriquecidos estarão sempre os que tiveram o privilégio de o conhecer e de o ouvir."
"Na Mouraria", do repertório de Natália dos Anjos, com letra de Gabriel de Oliveira e música de J. Pereira, é o fado que Fernando Maurício interpreta neste
VÍDEO DE HOMENAGEM
1 comentário:
Grande srpresa e agradavel, nesta visita ao blog da minha amiga!
Lembramos no mesmo momento do grande Fernando Mauricio.
Una abraçaa desde Barcelona
jaume
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