sexta-feira, julho 28, 2006

Um FADO ANTIGO

que podemos chamar Fado do abecedário

O A teve uma baralha
Na Travessa do Rosário
Acudiram ao barulho,
As letras do abecedário.

O B por muito pimpão
Não se receava de nada,
Logo à primeira paulada
Caiu de ventas ao chão;
O C que vê seu irmão
Andar c'os outros à salha,
Mete a mão, puxa navalha,
Cresce para cima do D,
E, para defender o G,
O A teve uma baralha.

O H, que viu o U,
Dá um sopapo à mão canha,
Pegam os dois à castanha
E ambos cairam de c...;
O P, que estava em jejum,
Pediu ao N usurário
Que lhe abonasse salário
Para descontar na féria,
Que o J estava à espera
Na Travessa do Rosário.

O R, coxo de um pé,
Estando d'ali desviado,
M apanha-o descuidado,
Atirou-lhe à falsa fé;
O O, que ouviu o banzé,
Quando chegou nada viu,
Ao mesmo tempo sentiu
Grandes suspiros e ais,
Foram as letras vogais
Quem ao barulho acudiu.

O F e mais o Q,
O X, o L e o H,
Todos à pancada ao K,
Por ter batido no Z;
O I, o L e o T,
Qual deles o mais vário,
Foram pedir ao contrário
Para no Y bater,
Que o E queria prender
As letras do abecedário.

(in História do Fado, de Pinto de Carvalho - Tinop)

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