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A cançonetista Maria Pereira
Artigos de Opinião 2008-06-11 12:17
“As nossas belas ilhas possuem características diferentes mas, para mim, a ilha Verde tem a inconfundível paisagem das lagoas das Setes Cidades, o famoso Vale das Furnas e as típicas águas quentes, frias e mornas“. Dizia-me em 1969 a consagrada cançonetista Maria Pereira, que actuou por várias vezes nos Açores, assim como na Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Espanha e Bélgica. Maria Pereira, que durante anos actuou na rádio, não foi só uma portuguesa do Fado, como uma voz de Portugal. Que o digam os seus muitos adeptos, e muitos foram, no país ou no estrangeiro, e que certamente ainda têm discos da vasta discoteca que a cantora deixou. Tudo Maria Pereira cantou. Interpretou canções da nossa terra, transmitiu melodias e versos, tendo percorrido todos os caminhos do mundo português, pois em qualquer parte onde se falasse o nosso idioma, Maria Pereira era conhecida. A propósito, recordamos uma inesquecível passagem ocorrida na sua vida artística, na primeira vez que Maria Pereira se deslocou a Moçambique. Cantava no Teatro Moçâmedes e, quando actuava, um senhor de oitenta anos, entrou no palco interrompendo a actuação. Agarrou-se à artista, a chorar, e disse: ”Há trinta anos que saí de Lisboa, e não mais ouvi uma artista cantar”. A cançonetista havia interpretado um fado triste “menor”, fado esse que a mãe do ancião costumava cantar para o adormecer.
Fado canção e castiço Maria Pereira definia assim o fado : “O fado-canção é mais bonito. O fado-castiço é um grito de alma. A canção tem mais arte e outras características”. Maria Pereira, que na altura que a entrevistei já havia gravado mais de seiscentos discos, recordava que um dos seus maiores êxitos na altura havia sido “O meu Primeiro Amor “, que fez parte de um filme em que participara. Do seu vasto reportório fazia parte, entre outros, “Açores dos meus Amores”, que a cançonetista levava nas suas digressões, salientando que, quando cantava essa canção, o público entusiasticamente acompanhava-a. “Maria Pereira, Um Fado e Três Canções” e “Maria Pereira e o seu espectáculo” são dois filmes em que a cançonetista participou. Para aqueles que se lembram de Maria Pereira, deixámos aqui este breve apontamento de recordação. Para os mais novos e não só, reafirmo de novo que foi uma das grandes fadistas portuguesas.
(in http://www.acorianooriental.pt/ )
VÍDEO DE HOMENAGEM
4 comentários:
cantei algum tempo num restaurante tipico que tinha como fadista residente a Daniel Maria,do Barreiro,foi ela que me deu a conhecer a Maria Pereira, e qaundo havia alguem que exagerava no tempo de canto, dizia-olha,parece a Maria Pereira...
Pois, assim ficou conhecida, era um LP... a verdade é que tem um repertório invejável! E, então, discos gravados... nem sei se haverá quem tenha gravado mais...
Minha cara Ofélia:
Como sempre, os seus vídeos são excelentes, à altura das figuras a quem faz homenagem. Gostei imenso destas duas canções, especialmente de "Fadista sou eu", cujo arranjo para a orquestra é muito elegante e mesmo me faz lembrar alguns dos arranjos de cordas que o Axel Stordahl fez para Frank Sinatra na década de 40.
Parabéns e beijinhos fadistas desde os Estados Unidos!
Antón.
Muito obrigada, Antón, pela bondade da sua avaliação... enfim, faço sempre o melhor possível, o que por vezes não é fácil... O que se passa no meio fadista (e não só...),é uma tristeza!... e mais não digo.
Bjinhos
O.
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