segunda-feira, junho 13, 2005

a MORTE é inevitável, mas sempre me surpreende; chega quando não é esperada, não avisa; não choro os que morrem; a vida, decerto, continuará de outra forma, que o nosso entendimento não alcança.
Soube, agora mesmo, que Álvaro Cunhal e Eugénio de Andrade tinham morrido. Já se esperava, não só pela idade, mas também por questões de saúde... Contudo, o anúncio destas duas súbitas partidas, apanhou-me desprevenida... Temos, então, que nos despedir hoje...
Esta mágoa que me fica por saber que Eugénio de Andrade não escreverá mais
e que ficamos privados da presença daquele que foi e é, em minha opinião, a referência de político mais sério, verdadeiro, corajoso e impoluto (digo eu, que nem sequer sou simpatizante de algum dos partidos...)
À despedida, dois poemas de Eugénio de Andrade:

XXXV

Em cada fruto a morte amadurece,
deixando inteira, por legado,
uma semente virgem que estremece
logo que o vento a tenha desnudado.


XXXIV

Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos como animais envelhecidos;
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos:
como frutos de sombra sem sabor
vamos caindo ao chão apodrecidos.

2 comentários:

janus disse...

muito bem e que bem escolhidos os poemas! e mais um dia de luto nacional

Anónimo disse...

despertar

É um pássaro,é uma rosa,
é o mar que me acorda?
Pássaro ou rosa ou mar
tudo é ardor, tudo é amor.
Acordar é ser rosa na rosa,
canto na ave, água no mar.


Para o recordar

DSF/POA