Hoje, enquanto ouvia este CD, entretive-me, como de costume, a ler o nome dos autores das letras e das músicas. Mais uma vez, o pouco cuidado das editoras conseguiu surpreender-me... Já em Junho de 2005, no postal intitulado "Berta Cardoso - Discografia", aqui escrevi sobre o facto de se indicar erradamente uma autoria, dessa vez relativamente a um fado, criação e grande sucesso de Berta Cardoso na revista "Manda Ventarolas", "O Fado do Marinheiro" gravado posteriormente com o nome "Canção das Descobertas".
Desta vez, enquanto ouvia o fado "A minha pronúncia", na voz da Argentina Santos, fiquei na dúvida se, de facto, a letra é, como se indica, do Alberto Rodrigues; parecia-me ter já lido informação noutro sentido. Fui consultar alguns dos, lamentavelmente poucos, documentos que fazem parte da minha "biblioteca de fado" e, na verdade, nem tive que procurar muito. No indispensável "Ídolos do Fado" (ed.1937), de A. VictorMachado, colhi a devida informação: - o fado "A minha pronúncia" é da autoria do poeta popular Clemente José Pereira que o escreveu para a cantadeira Carolina Redondo , que pronunciava acentuadamente os rr e que era por isso conhecida pela "Cantadeira de Setúbal" e por ser natural daquela cidade; este fado era, pois, do repertório da cantadeira Carolina Redondo que o cantava no Fado-Marcha Júlio Duarte; Argentina Santos canta-o no Fado-Marcha do Marceneiro.
Pois é, meus senhores, errare humanum est !... Mas, na minha modesta opinão, estes erros não deviam registar-se porque, das duas, três- ou, de facto, tratamos os assuntos do Fado com o respeito e rigor que merecem e pugnamos por elevá-lo a Património Mundial da Humanidade, ou, então, será melhor ficarmos quietinhos, que ainda nos pode acontecer uma grande vergonha...
Em qualquer dos casos, o melhor é mesmo tratar a res fadística com a consideração que a Cultura Portuguesa nos merece, o que passa, antes de mais, pelo estudo, pela verdade e pelo zelo.
As editoras têm o dever de melhor cuidar da informação, já que são o seu veículo por excelência e, por vezes, único. Atenção, pois, à responsabilidade de informar erradamente.
3 comentários:
Ainda bem que continuas a pugnar pelo rigor na informação!
Sobretudo numa área da cultura tratada durante muito tempo como uma "arte menor". Continua!
Eu
rigor na informação!Muito bem! embora por vezes as coisas se percam no tempo e sobretudo quando existem poucos registos manuscritos e as coisas muitas vezes foram passadas através da palavra dos mais velhos para os mais novos.Mas havendo registos acho muito bem que seja dado "o seu a seu dono". Parabens
meus parabens fico feliz de saber que existem amantes da cançao nacional por excelencia.silva
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